Benedito,
A necessidade de uma redenção (resgate conforme termo usado na bíblia) surgiu devido ao primeiro pecado de Adão, o qual transmitiu isso a seus descendentes. (Romanos 5:12,18) Como Adão era uma homem perfeito, seria necessário um outro humano, igualmente perfeito, pagar o preço do resgate, seguindo o princípio bíblico de "vida por vida". (Êxodo 21:23)
Nenhum de nós conseguiria pagar isso, visto sermos imperfeitos. A bíblia diz:
“Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate (Pois a redenção da alma [vida] deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre.) (Salmos 49:7,
Um anjo também não poderia pagar o resgate, visto ser superior a um humano. Jesus, como homem perfeito pagou esse resgate. Mas, se Jesus fosse "Deus-Homem" (como alega a trindade), não haveria equivalência, pois Adão não era Deus-Homem.
Jeová predisse que Jesus se manteria fiel, mas isso não significava que Jesus fosse como um robô programado para obedecer. Sim, Jesus tinha livre-arbítrio. Ele foi fiel e escolheu obedecer por escolha própria. Esse foi um dos motivos de Jesus ter passado a noite inteira, fervorosamente orando, antes de morrer ou em outras ocasiões quando foi provado.
Sobre esse assunto, certa obra¹ diz:
O próprio Jesus disse que todas as profecias a respeito do Messias tinham cumprimento assegurado, ‘tinham de se cumprir’. (Lu 24:44-47; Mt 16:21; compare isso com Mt 5:17.) Todavia, isto certamente não aliviou o Filho de Deus de responsabilidade, nem eliminou sua liberdade de escolha — de ser fiel ou de ser infiel. A questão não era unilateral, dependendo inteiramente do Deus Todo-poderoso, Jeová. Seu Filho tinha de fazer a sua parte para que as profecias se cumprissem. Deus garantiu a certeza do cumprimento das profecias por meio da sua escolha sábia daquele que cumpriria tal designação, o “Filho do seu amor”. (Col 1:13)
É evidente que seu Filho ainda retinha e exercia seu próprio livre-arbítrio enquanto era humano na terra. Jesus mencionou a sua própria vontade, mostrando que se estava submetendo voluntariamente à vontade de seu Pai (Mt 16:21-23; Jo 4:34; 5:30; 6:38), e trabalhou conscienciosamente a favor do cumprimento da sua designação, conforme delineada na Palavra de seu Pai. (Mt 3:15; 5:17, 18; 13:10-17, 34, 35; 26:52-54; Mr 1:14, 15; Lu 4:21)
O cumprimento de outras modalidades proféticas, naturalmente, não estava sob o controle de Jesus, pois algumas ocorreram após a sua morte. (Mt 12:40; 26:55, 56; Jo 18:31, 32; 19:23, 24, 36, 37) O registro sobre a noite anterior à sua morte revela notavelmente o intenso esforço pessoal que exigiu da parte dele para submeter a sua própria vontade à vontade superior Daquele que era mais sábio do que ele, seu Pai. (Mt 26:36-44; Lu 22:42-44) Revela também que, embora perfeito, ele reconhecia vividamente sua dependência humana de seu Pai, Jeová Deus, para obter forças em ocasiões de necessidade. — Jo 12:23, 27, 28; He 5:7.
Por conseguinte, Jesus tinha muita coisa em que meditar, e para se fortalecer, durante os 40 dias que passou jejuando (assim como Moisés) no ermo, depois do seu batismo e da sua unção. (Êx 34:28; Lu 4:1, 2) Ali, teve um encontro direto com o Adversário serpentino de seu Pai. Satanás, o Diabo, empregando táticas similares às usadas no Éden, tentou induzir Jesus a demonstrar egoísmo, a exaltar-se e a negar a posição soberana de seu Pai. Diferente de Adão, Jesus (o “último Adão”) manteve sua integridade, e, por coerentemente citar a vontade expressa de seu Pai, fez com que Satanás se afastasse, “até outra ocasião conveniente”. — Lu 4:1-13; 1Co 15:45.
Fonte: Estudo Perspicaz, Vol II, páginas 533-555, tópico "Jesus Cristo".