Marcelo Almoedo escreveu:Boa noite
Papista vou agora te mostrar que, se Deus existe, o Diabo não.
Uma ressalva para aqueles que pensam o porque eu estou começando com a premissa de que "Deus existe" por favor , não me entendam mal, apenas estou suavizando sobre religião, para acentuar o meu proposito. OK.
Até porque, tenho vários amigos que passamos muitas horas discutindo sobre quem ganharia em uma luta, entre Drácula ou o robô de Perdidos no Espaço. Isso não significa que eu acredito em algum deles...
E agora vamos lógica meu rapaz:
As pessoas que acreditam que o diabo existe também não pode acreditar em Deus.
Deus é todo poderoso, onisciente, e tudo de bom.
Deus criou todas as coisas
Deus criou Satanás, que se rebelou contra Deus e foi expulso para o inferno, onde agora ele governa.
O diabo é a causa do sofrimento no mundo.
Desde que Deus criou o Diabo então Deus é responsável pelo sofrimento no mundo, o que significa Deus não é tudo bom.
Um crente pode dizer que não é culpa de Deus que Satanás escolheu a se rebelar contra Deus.
Mas se Deus não sabia que Satanás rebelaria diante de Deus quando o criou, então Deus não é onisciente.
Então, Deus sabia, quando ele criou o Diabo, Satanás, que acabaria por se rebelar e ainda Deus escolheu criar Satanás de qualquer maneira.
Portanto Deus ainda pode ser considerado a causa do sofrimento no mundo.
Um crente pode contrariar dizendo que Deus tinha para criar o mal, porque sem o mal, nós, humanos, não seria capaz de perceber bem. Não pode ser bom no mundo sem o mal, eles diriam.
Mas Deus é todo-poderoso, o que significa que ele pode fazer qualquer coisa
Isso significa que ele pode criar um mundo onde o bem existe (e é percebido como tal) sem a necessidade do mal.
O crente diria que "isso é impossível.
Mas nada é impossível para Deus, se ele não pode fazer um mundo que está tudo bem sem o mal, então Deus não é todo poderoso.
Se você acredita que o diabo existe, você deve acreditar que Deus não é tudo de bom, nem tudo sabe ou não todo-poderoso.
Almoedo
Prezado Marcelo,
vou postar uma resposta de S.Tomás de Aquino que é quase igual a minha (eu tentei formular um exemplo prático, mas a pressa na resposta é mais importante). Com a vantagem de S. Tomás ser muito melhor que eu.
Art. 2 – Se o sumo bem, Deus, é causa do mal.
(Supra, q. 48, a. 6; II Sent., disto XXXII, q. 2, a. 1; dist. XXXIV, a. 3; dist. XXXVII, q. 3, a. 1; II Cont; Gent.., cap. XLI; III, cap. LXXI; De Malo, q. 1, a. 5; Compend. Theol., cap. CXLI; ln Ioan., cap. IX, lect. ad Rom., cap. I, lect. VII).
O segundo discute-se assim. – Parece que o sumo bem, Deus, é causa do mal.
1. – Pois, diz a Escritura (Is 45, 6-7): Eu Sou o Senhor, e não há outro. Eu o que formo a luz e crio as trevas, o que faço a paz e crio o mal; e outra passagem (Am 3, 6): Se acontecerá algum mal na cidade, que o senhor não fizesse?
2. Demais. – O efeito da causa segunda reduz-se à causa primeira. Ora, o bem é a causa do mal, como já se disse1. Sendo portanto Deus a causa de todo bem, como mais acima se demonstrou2, segue-se também que todo o mal vem de Deus.
3. Demais. – Como diz Aristóteles, a causa da salvação de uma nau é idêntica à do perigo3. Ora, Deus é a causa da salvação de todas as coisas. Logo também é a causa de toda perdição e de todo mal.
Mas, em contrário, diz Agostinho que Deus não é o autor do mal, porque não é causa da tendência para o não-ser4.
Solução. – Como resulta do que já foi dito5, o mal consistente na deficiência da ação é sempre causado pela deficiência do agente. Em Deus porém não há nenhuma deficiência, pois Ele é a suma perfeição, como já antes se demonstrou6. Por onde, o mal consistente na deficiência da ação, ou causado por deficiência do agente, não se reduz a Deus como a sua causa. – Porém, o mal consistente na corrupção de certas coisas reduz-se a Deus como à sua causa. E isto é claro tanto nas coisas naturais como na ordem do voluntário. Pois, já se disse7 que um agente produtor, pela sua virtude, de uma forma, da qual resulte corrupção e deficiência, causa, pela mesma virtude a corrupção e a deficiência. Ora, é manifesto que a forma principalmente visada por Deus nas coisas criadas é o bem da ordem do universo. Esta, porém, requer, como antes foi dito8, existam certos seres susceptíveis da deficiência, que por vezes realmente têm. E assim Deus, causando, nas coisas, o bem da ordem do universo, por conseqüência e como por acidente causa as corrupções delas, conforme diz a Escritura (1 Rg 2, 6): O Senhor é o que tira a vida e a dá. E no dito da mesma (Sb 1, 13) – Deus não fez a morte– deve-se entender a morte como visada em si mesma. Pois, à ordem do universo pertence também a da justiça, exigindo que se inflija uma pena aos pecadores. E, neste sentido, Deus é o autor do mal que é pena, não porém do que é culpa, pela razão supra exposta.
Donde a resposta à primeira objeção. – As passagens citadas se referem ao mal da pena, não porém ao da culpa.
Resposta à segunda. – O efeito da causa segunda deficiente reduz-se à causa prima não deficiente, quanto ao que ele tem de entidade e de perfeição; não porém quanto ao que tem de deficiência. Assim, tudo o que na claudicação é movimento é causado pela virtude motora; mas o que nela é obliqüidade não vem da virtude motora mas da curvatura da perna. E semelhantemente, tudo o que é realidade e ato na má ação reduz-se a Deus como à sua causa; mas o que nela é deficiência não é causado por Deus, mas pela causa segunda deficiente.
Resposta à terceira. – A submersão da nau é atribuída ao nauta, como à causa, porque não fez o necessário para a salvação dela; mas Deus não deixa de fazer o necessário à salvação. Por onde o símile não colhe.
http://permanencia.org.br/drupal/node/802
Eu não sabia que você era ateu. Aliás eu pensava que o fórum era protestante.
Talvez seja o caso até de eu desistir, porque eu sei que não irei te convencer. E por outro lado isso vai me causar profundo pesar não poder fazer nada em relação a sua salvação.