Vasuilvan, meu amigo,
Vamos trabalhar o que já pensamos igual. Assim, tiraremos conclusões úteis e, ao final do estudo, passaremos a descansar desse assunto e a trabalhar' em outros.
Vasuilvan escreveu:"Nunca pensei uma vírgula diferente disso... Você já deve ter lido que entendo o shabat, como cessação de atividade. Ou seja o shabat significa que ao final do sexto dia, DEUS, iniciou um período de sol a sol, no qual Ele não produziu mais nada, pois a criação estava terminada. Então, assim como a mãe cuida do filho, DEUS, no primeiro dia da semana, passa a trabalhar novamente, agora na manutenção da sua obra criada, nos seis dias."
A "vírgula" em que nós divergimos, bom amigo, [em cujo coração tenho a imerecida honra de morar “depois do Anderson, que chegou primeiro”], é quanto à expressão "
de sol a sol". Penso que você a acrescentou [pois não consta em Gênesis 2:2] por imaginar que o descanso começado por Deus no sétimo dia foi de 24 horas como você imagina que os outros seis dias tiveram. Talvez você pense que, depois da semana da criação, com duração de 144 horas literais, Deus voltou a trabalhar, na manutenção da criação, do primeiro ao sexto dia da semana seguinte, descansando novamente no sábado seguinte, e assim por diante, fazendo isso ininterruptamente até os dias de hoje. Não tenho certeza se é assim que você pensa. Peço confirmar o que você defende, para melhor construirmos as réplicas e as tréplicas, tudo “na paz do Senhor”.
Para você entender como pensam milhões de cristãos, peço considerar por um pouco a verdade bíblica de que
Deus definitivamente cessou a atividade da criação física e continua a descansar dela por tempo indefinido até HOJE.As EVIDÊNCIAS de que o descanso sabático de Deus não terminou 24 horas depois de ter começado são as seguintes:
PRIMEIRA EVIDÊNCIA: Quando Gênesis 2:2 menciona que, depois de seis dias ou períodos criativos, “Deus descansou”, o verbo hebraico está no imperfeito, indicando uma ação inacabada ou em andamento. Uma tradução mais precisa do texto é: "E... Deus
passou a descansar nesse [sétimo] dia...", como já colocado anteriormente.
Você disse acima : “
shabat é a cessação de uma atividade”, e não a interrupção de uma atividade para retomada na semana seguinte e assim por diante. Lembre-se do
exemplo da mulher que, ao passar a descansar do bebê, não descansa apenas um dia, mas passa a descansar por tempo indefinido daquele bebê. No sétimo dia, Deus passou a descansar da criação e a trabalhar na manutenção da criação, como você falou, ou seja, o trabalho ou atividade é ininterrupto. Mesmo tendo cessado ou “passado a descansar" da atividade de criar, ao mesmo tempo
passou a trabalhar em outra atividade, como disse Jesus ao justificar aos fariseus porque ele estava trabalhando no sábado: “
Meu Pai trabalha [ou "está trabalhando" - NM]
até agora e eu trabalho ["estou trabalhando" - NM]”.
SEGUNDA EVIDÊNCIA -
Não há menção de que “
houve tarde e manhã, sétimo dia”, ao passo que "houve tarde e manhã" dos seis primeiros dias nos versículos 1, 8, 13, 19, 23 e 31 do primeiro capítulo de Gênesis. Isto é muito significativo e indica que o sétimo dia ou o período de descanso de Deus ainda está em andamento.
TERCEIRA EVIDÊNCIA - A explicação que é dada sobre o assunto no capítulo 4 do livro de Hebreus não é apenas uma evidência, mas uma comprovação de que o descanso sabático de Deus da atividade daquela criação física não terminou nem terminará. A ênfase do livro de Hebreus não é que o cristão
passa a descansar em Cristo, mas além disso,
passa a trabalhar em Cristo. Peço relê-lo atentamente para melhor compreender a explicação.
Citamos o
exemplo da mulher que fica de resguardo ou descanso por quarenta dias a partir do parto, e depois, sem voltar ao trabalho da gestação anterior, se empenha a trabalhar na produção e gestação de um novo filho. Precisa ainda tal mulher ficar rememorando a cada semana o dia em que começou a descansar do primeiro filho? Ou deve agora se concentrar inteiramente em sua nova gestação? Para um cristão que já deixou de "tomar leite" e "avançou à madureza" (Hebreus 6:1), além de "deleitar-se no Senhor" ou passar a descansar, ele
passa a viver "em novidade de vida" e, à base de obras de fé, submete-se todos os dias de sua nova vida a ser santificado pelo Senhor.
Milhares de anos depois de
passar a descansar da primeira criação, o escritor inspirado Paulo declarou: "E, assim, se alguém está em Cristo, é
nova criatura. as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas." (2 Coríntios 5:17 - Almeida Atualizada).
Observe-se que Paulo já declarara em Atos que “não se eximiu de falar aos cristãos todo o conselho de Deus”. Ele nunca falou sobre a manutenção da necessidade de observar o sábado semanal à maneira judaica, mas dedicou quase um capítulo inteiro do livro de Hebreus para falar sobre como um cristão
passa a descansar de suas próprias obras anteriores. As obras da lei eram inúteis para produzir salvação e santificação, sendo portanto fúteis ou inúteis quanto a de fazer tijolos no Egito, empenhar-se em alvos materialistas no mundo de hoje e entregar-se ao pecado, como fazíamos quando éramos escravos dele.
É digno de nota que, segundo
Deuteronômio 5:15, a observância de um dia de sábado semanal foi introduzida na Lei para os judeus se lembrarem de que eram escravos na terra do Egito, trabalhando arduamente em um projeto vão: fazer tijolos para outros desfrutarem. Depois da morte de Jesus, que veio a ser o verdadeiro descanso ou motivo de cessação do trabalho em obras mortas, houve alguma instrução de Jesus, o Senhor do Sábado, para os cristãos guardarem o sábado semanal para se lembrarem de que foram "escravos do pecado", e agora, são livres?
Na reflexão que o escritor inspirado faz sobre o assunto, Paulo vai muito mais além de os cristãos "passarem a descansar" [quiçá de modo permanente] em Cristo. Eles passam a se empenhar em "obras de fé", em união com Deus e seu Filho Jesus. Essa nova etapa envolve sua santificação, que os sacrifícios de animais não conseguem realizar, mas o sacrifício de Jesus passa a conseguir (Hebreus 2:11).
O que Deus quer de nós - a nossa santificação - é trabalho de Deus na "semana" seguinte à criação, a fase da santificação, não só do nome de Deus, mas de todos os que estão ao lado desse nome, a saber, os que permitem ao Senhor Jesus fazer realizar essa obra na vida deles. Os sacrifícios de animais e as coisas elementares da antiga aliança conseguiram conscientizar os homens de sua necessidade de salvação. Mas, apenas o sacrifício de Jesus, qual cordeiro de Deus, fez os judeus
passarem a descansar do trabalho inútil e ineficaz de ofertar animais, visando o perdão dos pecados, a salvação e a santificação.
Por exemplo: Você trabalhou no catolicismo durante seis períodos de sete anos, e depois, passou a descansar aos 43 anos, não somente por um sétimo “dia” ou período de sete anos, mas talvez por tempo indefinido. Todavia, enquanto
passa a descansar do trabalho à maneira católica,
passa a trabalhar à maneira da IASD.
Outro exemplo: a mulher que descansou da gravidez de um filho. Ela pode vir a engravidar de novo e acumular o descanso ou a cessação de várias gravidezes, sem deixar de trabalhar em uma outra, como na gestação de um novo filho, a criação deles, a dedicação a um novo marido depois de sua viuvez etc.
Um verdadeiro cristão é aquele que “
entra no descanso de Deus”, ou seja, aquele que cessou, ou
passou a descansar de suas próprias obras de auto-justificação pela Lei, assim como Deus descansou das Suas obras da criação. Não somente isto: além de “descansar de suas próprias obras”, o cristão tem de dedicar toda a sua vida a prestar num serviço sagrado a Deus dia e noite, ininterruptamente, ou de sábado a sábado, para usar a linguagem de Isaías 66:23.
Por isso, em vez de incentivar a observância dos sábados semanais e a abolição apenas dos sábados festivais, Paulo usou de paciência com os judeus que tinham dificuldade de descontinuar uma prática já vivida por mais de 1.500 anos, para aderir à realidade a que aquela prática representava. A REALIDADE tipificada pela prática de guardar um sábado semanal e sábados festivais era ou estava relacionada a CRISTO (Colossenses 2:16-17).
Note-se que a ausência de qualquer menção à obrigatoriedade da observância do sábado semanal em escritura posterior à morte do Senhor do Sábado, Jesus, decorre do seguinte fato: abster-se de trabalhar em dias de sábado semanal não estava alistado entre as coisas essenciais que os cristãos deveriam se abster, conf. abaixo:
Atos 15:28-29 escreveu:"Pois, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde." (Almeida Atualizada).
Esse texto encerra a decisão dos apóstolos e presbíteros reunidos em Jerusalém, inspirados pelo espírito santo. Não acha você que é o suficiente para dirimir qualquer dúvida na mente de alguns quanto a se ainda é necessário a observância de sábados semanais pelos cristãos?
Lúcio