Jefté, Paz para ti.
Você disse:
Caro amigo, isso chega a ser uma inverdade, pois não fechamos os olhos a nada. Mas, essa tua alegação pode se justificar também por algum problema de memória curta.Em contrapartida, aos versos que os contradizem (ou seja, contradiz o DOGMA) parece que se fazem de cegos ...
Ora, já foram comentados vários e vários versículos que os defensores do dogma trinitário trouxeram, inclusive, você. Quem não se lembra do recorrente Jo. 10.30??!!!
Mas, para refrescar tua memória leia a postagem nesse LINK desse mesmo tópico. E olha só..., nessa mesma página do tópico, onde se fala de Rm. 9.5, indicadado no link, e na página seguinte tem tua participação, de modo que é difícil acreditar que você não a tenha lido. Assim, você NÃO pode afirmar que nos fazemos de “cegos”. Diante dessa prova, quem realmente se faz de cego? E mesmo que você não houvesse lido, o que acho difícil, eu e você já trocamos postagens suficientes para desmentir essa tua afirmação, ou você não lembra de nenhuma. Os arquivos do fórum poderão te ajudar também nisso, já que se você pesquisar tuas próprias postagens vai se deparar com muitas das minhas respostas a elas.
Aliás, qualquer leitor poderá navegar por elas e constatar, documentalmente, que o que você alegou não se confirma. Não sei nem porque você disse isso. A propósito, você mesmo se desmente, pois diz algo em uma linha e na linha seguinte desfaz a si mesmo em uma flagrante prova de desconexão no que fala.
Você diz em uma linha:
E em seguida afirma:Em contrapartida, aos versos que os contradizem (ou seja, contradiz o DOGMA) parece que se fazem de cegos ...
Ora, como podemos levantar tudo possível para “MENOSPREZAR” os versos que você acha que apoia o dogma trinitário, se nós nos fizéssemos de cegos. Percebe o desatino que você comete?Há, não posso me esquecer: para estes versículos (contrário ao dogma) tudo o que possa ser levado em conta para MENOSPREZÁ-LOS, e/ou enfraquecer seu valor, é considerado e difundido a outros...!
Sobre Deus ser o Pai e Cristo ser a verdade, você comete mais um desatino, pois não colocamos a questão dessa forma. Talvez criando tua própria dificuldade tenha refutado a si mesmo, pois isso que você tentou refutar não é refutação ao unitarismo, mas a si próprio naquilo que criou.
O curioso que Rm. 9.5 que é um verso do Cânon, conforme você mesmo reconhece, já foi também comentado, inclusive, na postagem que indiquei, no link acima.
De qualquer forma, vamos repetir aqui, trazendo-a mais completa e fazendo a ressalva de que o gramático citado a seguir não é unitariano, mas trinitariano, ou seja, ele está relatando um fato e não querendo defender o unitarismo. As versões citadas por ele também são versões usadas por trinitários, portanto sem qualquer viés unitariano! A questão é factual.
Quanto à Rm. 9.5: “de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente. Amém”. Aqui, mais uma vez, é interessante observar que a visão de um tradutor interfere de forma decisiva na compreensão de milhares de leitores. Robert H. Mounce comentando sobre pontuação e silabificação nos textos gregos relembra que nos manuscritos antigos, os unciais, não haviam pontuação ou divisão de versículos e “esse fato criou algumas dificuldades para os estudiosos contemporâneos, visto que o modo de um versículo ser pontuado pode ter efeito importante sobre a sua interpretação. Um dos exemplos notáveis disso é Romanos 9.5. Se uma pausa maior for feita depois da κατὰ σάρκα (lit. “segundo a carne”), a parte final do versículo seria uma declaração a respeito de Deus Pai (A NEB traz: “Que Deus, supremo sobre todos, seja abençoado para sempre! Amem”). No entanto, em se fazendo uma pausa menor naquela posição, as palavras finais da frase falariam de Cristo. A NVI diz: “[...] de Cristo, que é Deus acima de tudo, bendito para sempre! Amém” (Mounce, William D. In Fundamentos do Grego Biblico (Livro de Gramática) 1º Edição – 2009, pág. 17) e conclui “O modo de a tradução lidar com um versículo ambíguo tal como esse revela as tendências teológicas do tradutor”. Imagine, então, a quantidade de traduções com tendências trinitárias que há no mundo influenciando o entendimento de milhões de pessoas. Mas, atentemos bem para a expressão “Deus bendito” e busquemos a quem ela se refere nessas passagens bíblicas. Podemos lê-lá também em Mc. 14.6 “És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito?”, onde o sacerdote questiona se Jesus é o Filho do Deus Bendito, não o próprio “Deus Bendito”. Tal expressão é comum na cultura religiosa dos judeus e decorre das abundantes ocorrências do reconhecimento de Yahweh como sendo o Bendito de Israel (Gn. 9.26; 14,20; Ex. 18,20; Rt, 4.14 e etc.). Se considerarmos a expressão “bendito eternamente” ou sua similar “eternamente bendito” como uma só forma, ela aparece mais duas vezes no Novo Testamento Rm. 1.25 e II Co. 11.31, e em ambos os casos se refere nitidamente ao Altíssimo Criador, Deus Pai. Com isso em mente analisemos agora Rm. 9.5 dentro de seu contexto e percebamos que ela é uma glorificação que fecha um conjunto de textos inter-relacionados. Paulo poderia ter dito já a partir do verso 4 “Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos (Deus bendito eternamente), e a glória (Deus bendito eternamente), e as alianças (Deus bendito eternamente), e a lei (Deus bendito eternamente), e o culto (Deus bendito eternamente), e as promessas (Deus bendito eternamente);” onde quer que a lista terminasse Deus seria, e é bendito eternamente por todas essas coisas e pelas coisas do verso seguinte. Paulo mostra um conjunto de realidades onde Cristo, que veio segundo a carne, é um componente desse conjunto e listado por último na relação. A expressão “segundo a carne” encerra a ideia dando sentido completo e pleno a frase em si mesma. O Apóstolo termina com uma Glorificação a Deus: “Deus bendito eternamente. Amém”. Expressão semelhante Paulo usou em II Co. 11.31 “O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é bendito eternamente, ...”. Ou seja, o final não é dedução da frase anterior, mas uma louvação a Deus pelas coisas elencadas desde os versos antecedentes e o próprio “Amém” no final do versículo mostra se tratar de uma frase doxológica. Alonso Schökel, católico romano, portanto trinitário sem interesse de reduzir as suportas “provas” da “deidade” de Jesus, assim verte os versos: “São israelitas, adotados como filhos de Deus, têm sua presença, as alianças, as leis, o culto, as promessas, os patriarcas; de sua linhagem segunda a carne descende o Messias. Seja para sempre bendito o Deus que está acima de Tudo. Amém”.
Logo, quando você diz que está postando um versículo do Canon, você está falando, na verdade, de uma tradução possível de um versículo do Cânon que reflete a visão argumentativa do tradutor. Mas, se o próprio apóstolo Paulo que escreveu Rm. 9.5, confirma o dito por Jesus ao reconhecer somente o Pai como Deus, por qual tradução deveríamos optar: A que confirma Jesus e Paulo ou a que insinua o Dogma Romano?
Se minha informação gerar em você alguma insatisfação, então, que não seja contra mim, reclame com o gramático trinitário que teve a coragem de expor algo que você talvez almejasse que jamais fosse descoberto e que apoia o verdadeiro monoteísmo.
Portanto, caro amigo, seja mais cuidadoso ou, se a memória falhar, faça a pesquisa antes de acusar alguém de alguma coisa. Baseie-se no que foi dito, não no que talvez, por não lembrar, ignore.
Juízo criatura!
Paz seja contigo.
Valdomiro.