Juliano, bom irmão, Paz!
Prezado irmão não há qualquer intenção da negação da essência de Cristo! Ao contrário estamos tentando tirar a crosta de teologia pós-apostólica que colocaram sobre ele.
Tuas perguntas são simples de responder, mas algumas coisas precisam ser ditas antes!
Assim que aceitamos o evangelho (acredito que todos nós) aprendemos uma dicotomia “Deus verdadeiro” e “Deus falso” com a palavra “Deus” apontando para um ente de culto. Mas, existe, dentro das Escrituras, várias aplicações para essa palavra que não passa por esse viés. Vemos ela sendo aplicada aos homens, como Moisés e os juízes, assim como aos Reis de Israel (Salomão mesmo se assentou no Trono de Yahweh) e aos anjos. Nenhuma dessas aplicações passa pela questão “Deus falso”, mas também não se trata do “Deus verdadeiro”, também não são concorrentes ou opositores do Altíssimo. É um uso que a grande maioria dos irmãos desconhecem por causa da questão trinitária que se encarregou de preterir esse significado para tentar nos colocar em “xeque”, já que se a questão só pudesse ser colocada em termos de “Deus Verdadeiro” e “Deus falso”, evidentemente Jesus só poderia ser “Deus Verdadeiro”, e, se só pode existir um “Deus Verdadeiro” segue-se que Jesus é esse Deus juntamente com o Pai.
Quando vemos os próprios exemplos bíblicos dos usos da palavra “Deus”, percebemos que o fato de Jesus ser chamado de “Deus”, em umas 6 ocorrências em um universo de 1340 no NT, não implica que Deus, o conhecido Deus de Israel, seja um Deus composto por mais de um e nem que Jesus seja esse Deus. O próprio Jesus atestou isso, mais de uma vez:
Jo 17:3 “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, E A Jesus Cristo, a quem enviaste.” Note que a vida eterna implica em conhecer a apenas UM como Deus Verdadeiro (ali se refere ao Pai a quem ele, Jesus, ora) e crer em Jesus como enviado desse Deus Verdadeiro.
O curioso é que nossos irmãos trinitários dizem que se não conhecemos a Deus como uma trindade corremos o risco de perder a Salvação, mas perceba que esse verso diz exatamente o contrário, já que nos manda reconhecer apenas o Pai como Deus Verdadeiro e Jesus como seu enviado.
Ora, se o próprio Jesus aponta para outro como sendo Deus Verdadeiro e nunca a ele mesmo, e, uma vez sabendo que a palavra “Deus” tem mais de uma aplicação dentro das Escrituras, não é difícil concluir que as pouquíssimas ocorrências da palavra aplicada a Jesus não o retrata como o sendo o próprio SER supremo, muito menos uma composição com Deus.
Note-se que ele diz:
Em Jo 14:1 “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.”
Em Jo 8:42 “Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.”
Como este há vários outros em que Jesus, não somente se distingue de Deus, mas fala desse como sendo outro ser. Veja que ele diz “vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou”.
Se ele fosse o mesmo Deus do qual diz ter sido enviado, não teria sentido de falar de Deus sempre como sendo outro! Alguns querem apontar para o Pai, mas esse argumento só teria lógica se o Pai não fosse, no entender trinitário, o mesmo Deus que o Filho, já que no entender trinitário não pode haver distinção na Deidade entre os dois. Se ele diz que veio de Deus e não dele mesmo, logo, ele não é esse mesmo Deus.
Esse mesmo procedimento ele (Jesus) segue após a ressurreição, como lemos em Jo 20:17 “Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.” Note que ele não se identifica para os discípulos como Deus deles, mas que ambos tem um Deus em comum.
E já glorificado reconhece ter um Deus acima dele em Ap 3:12 ‘A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome.”
Então, o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, não somente nos ensina que não é o próprio Deus, o Altíssimo Deus de Abraão de Isaque e Jacó como tem a esse Deus por Deus.
Voltando as tuas perguntas!
De fato, existe outras aplicações da palavra “Deus” na bíblia que não estão diretamente ligadas a questão da “deidade” ou “divindade” (como alguns preferem). O comentário acima apresenta isso.
Considerando os usos não há problema em Jesus ser chamado de “Deus”, mas nossa cultura não distingue aquilo que nos tempos bíblicos se distinguia. Daí decorrem as confusões. Não se trata de um Deus menor, já que ele não está em comparação a Deus, que é o Pai (que ele diz que é maior do que ele e maior do que todos), assim como Moisés, os juízes, os reis e os anjos não estavam em comparação. Eles não eram uma espécie de Deus menor, eles eram representantes do Deus supremo.
Quanto a questão da adoração em uma próxima postagem exponho alguma coisa (no momento o tempo me foi “roubado”), pois não me oponho a adoração a Cristo, mas algo precisa ser dito sobre “adoração”.
Paz seja contigo.
Valdomro.