Aquele momento em que você se dá conta de que está dentro de um ciclo ou loop infinito de discussões que não vai leva-lo a lugar algum e se percebe totalmente frustrado. É assim que você se sente muitas vezes na maior parte dos debates em que resolve participar?
Você pesquisa e lê para elaborar argumentos bem fundamentados e os dispõe em um debate. A outra parte, a que se posiciona divergente, não refuta, talvez tente, mas não refuta e, no entanto, não muda sua posição. Então, você trás novos argumentos e a outra parte até tenta refutar mais não refuta e continua com o mesmo posicionamento. Mas, uma vez mais você pesquisa, você estuda e trás argumentos baseados em dados para o debate e a outra parte não consegue refutar e mesmo assim permanece imóvel com o mesmo pensamento e ponto de vista do início.
Bem aí acende aquela luz e você começa a refletir sobre o que está acontecendo como se você fosse uma terceira pessoa olhando à distância dois jogadores de xadrez. Percebe que a outra parte realmente tentou refutar, mas, sem sucesso e até criou um argumento espantalho para afirmar que “quebrou” o seu discurso. A conclusão é que no fim das contas a outra parte sempre repetiu o mesmo argumento apenas trocando a roupagem ou a maquiagem e que você, apesar dos seus esforços, sente-se traído.
Deveras uma traição! Sentimento de se sentir traído que tão somente não emerge antes da própria frustração. Porque é como se estivesse debatendo com a parede, aliás, pelo menos a parede calada consente. Com quem de fato se estava debatendo, senão, com uma mente fechada? Aqueles que são deste tipo, mentes fechadas, zelam pela sua única verdade absoluta apesar dos pesares, apesar dos indícios de falibilidade, apesar do fracasso em sustenta-la como sua verdade sólida, são o tipo que traem em um debate.
Afinal, para que serve o debate, senão, para pôr à prova o próprio conhecimento? Para que tal conhecimento possa ser destruído e ao mesmo tempo reconstruído como duas lâminas que em atrito se afiam!
Eis aí a desventura incólume da traição ao propósito de se afiar, pois que, se não te afia a ti e muito menos à outra parte, afinal o que fazem? Um debate que não produz edificação é um debate ausente de sentido, é como um colar de pérolas em um suíno.