Caro Professor Azenilto
É interessante ver sua verbosidade e a maneira apaixonada e intrépida com que defende o que crê.
Temos em comum algumas crenças, mas trago à sua atenção alguns pontos levantados em sua Mensagem nº 3 :
Professor Azenilto escreveu:o CONSENSO do pensamento dos cristãos católicos e protestantes é o seguinte: Os Dez Mandamentos seguem sendo normativos aos cristãos em todos os seus preceitos, como Lei Moral de Deus, no que se contrasta com as leis Cerimonial e Civil, as duas últimas não mais aplicáveis à Igreja.E o princípio do dia de repouso foi estabelecido na criação do mundo.
Isto é assim porque as Igrejas Católica e Protestantes são originalmente um grupo só. A Igreja Católica não deixou de guardar o sábado, mas apenas transferiu o descanso para o domingo. Minha mãe, muito católica, me ensinou a não trabalhar no domingo, e também era pecado mortal não ir à missa nesse dia. Depois do Concílio Vaticano II, a Igreja facultou ao católico ir alternativamente à missa no sábado à noite. Isto estava de alguma maneira ligado à ideia judaica de que o dia de domingo começa depois do pôr do sol do sábado. Havia influências judaicas também no jejum de 3 horas, obrigatório aos que iam comungar durante a missa, o qual, depois do Concílio, foi reduzido para 1 hora, e hoje, nem sei se ainda há essa exigência.
Observei que o amigo não incluiu os Adventistas entre as diversas denominações religiosas que encaram o Decálogo como obrigatório aos cristãos. Mas, assim como os Adventistas excluíram os sábados festivais de suas observâncias, atribuindo-lhes um significado civil ou cerimonial, Igrejas Anglicanas, Episcopais e Presbiterianas também acham que o casamento homossexual entra em conflito apenas com a lei civil dos homens e dos judeus daquela época, e não contra a lei de Deus.
Professor Azenilto escreveu:O que precisa ficar bem claro é que NINGUÉM que observa o sábado, e que conheça bem a Bíblia, está ensinando que a salvação deriva de observar esse, ou qualquer outro mandamento da lei divina.
Embora seja isto muito repetido, mesmo quando não questionado, é muito apregoado o ensino adventista de que "o Sábado [e não o espírito santo] é o sinal do verdadeiro cristão, e quem não o possuir, não será salvo".
Professor Azenilto escreveu:Eu cansei de dizer que deixaria de ser defensor e observador do sábado se me dessem respostas objetivas, específicas, claras, concisas, ao ponto ao meu questionário com 40 perguntas verdadeiramente tira-teima sobre o tema da lei e do sábado.
Essa possível abertura foi o ponto que me encorajou a escrever-lhe. Por um pouco, fiquei animado com a certeza de que, em havendo uma mudança de pensamento, a mesma paixão e intrepidez seria colocada agora a serviço da nova verdade enxergada, como fez o apóstolo Paulo.
Mas, "
respostas objetivas, específicas, claras e concisas" não são suficientes para provocar qualquer mudança, o que se comprova pelo insucesso absoluto do primeiro aceitador do desafio em reduzir pelo menos em uma vírgula a recalcitrância da tréplica em todas os quarenta quesitos. Não há motivos válidos para achar que uma "tetréplica"' não resultaria numa "pentéplica" de igual tamanho e assim consecutivamente, até à "enéplica" (rs rs), que acho que seria a sua, Professor (rs rs).
Recalcitrância semelhante talvez possam ser observadas nas postagens do caro amigo
Gilcimar, cuja expertise no confronto de ideias é brilhante, mas, até o presente, talvez sem muita convicção e sinceridade, não tem admitido ter visto a mulher de oitenta e a de vinte e quatro ao mesmo tempo, conforme ilustração mais adiante mencionada.
Assim, sugiro que o amigo gaste menos tempo tentando provar que "Jesus cumpriu, e não aboliu cada partícula da lei", e o cristão precisa também cumpri-la; ou que "Jesus guardava o sábado, e nós, que somos seus seguidores, precisamos também guardá-lo"; ou que o Apóstolo Paulo também o guardou, mesmo fora da vista de seus anteriores correligionários", ou que também os cristãos, e não apenas os judeus, guardavam o sábado mais de 33 anos depois da morte de Jesus", etc etc etc. Essas justificativas parecem óbvias para judeus raciocinarem, mas não se sustentam ante o raciocínio que se baseia no paradigma cristão.
Não fossem os argumentos de Paulo, sua argumentação seria brilhante, caro Professor, pois é gostoso ler suas postagens bem redigidas, arguciosas e inteligentes, especialmente quando não são ferinas. O que o jovem
Nakadomari colocou, com brilhantismo e perspicácia (embora não saiba eu ainda se concordamos em tudo), foi uma questão de paradigma, que pode resolver suas dúvidas, ilustre e simpático Professor Azenilto, caso você porventura - ou por ventura - as tenha. Ele usou argumentos inspirados contidos em quase todas as cartas de Paulo, que só são alcançados pelos que raciocinam sob o mesmo paradigma em que são apresentados.
O maior exemplo em mudar o paradigma para responder perguntas foi o próprio Jesus, que, por exemplo, em vez de responder quem era o próximo de quem lhe fez essa pergunta, contou-lhe uma ilustração para ensinar-lhe a se fazer próximo de qualquer pessoa que precisasse de sua ajuda. Cito como exemplo de mudança de paradigma o caso de muitas gravuras que costumam circular pela internet, as quais, se olhadas de uma maneira, retratam, por exemplo,
uma linda e plumosa jovem de 24 anos, e se contempladas de outro modo, você pode ver uma alquebrada senhora de 80 anos. Quem tem a ventura de enxergar certa questão pelo paradigma correto não tem mais necessidade de encontrar
"respostas objetivas", pois são suas próprias perguntas que deixarão de existir.
Estou de olho na troca de informações entre você e o novo forista Nakadomari, fazendo votos de que seja espiritualmente edificante para os que dela quiserem participar ou assistir.
Lúcio