Beto, Paz!
Não sei porquê o Youtube não manter todos os comentários juntos, mas, eis os 25 comentários que fiz, dentre eles cito Tertuliano. Trago os comentários aqui, não para serem debatidos, já que temos o tópico sobre a trindade, mas para conhecimento, considerando que o vídeo foi mencionado.
Faltou ter um representante do unitarismo. Diferentemente do unicismo e do trinitarismo, o unitarismo prega que somente Deus é o Pai. Jo. 17.3. Um conhecido unitarista foi o famoso cientista ingles Sir. Isaac Newton.
O pastor unicista o cita, inclusive, mas não percebe que o texto fala de dois, Deus, o Pai, o único e Verdadeiro, e Jesus como enviado dele.
1) O pastor trinitário começa explicando a "trindade" com duas base equivocadas. Elohim é plural e significa DEUSES, mas as palavras plurais em hebraico não servem apenas para designar quantidade, mas também qualidade, intensidade. E, mais importante, não significa pessoas. Se essa a ideia plural for a requerida então, ele estaria falando de TRẼS DEUSES (triteísmo) e não de monoteísmo.
2) O pastor trinitário também usa o termo ECHAD para falar em unidade composta. Mas, essa ideia de unidade composta para a palavra ECHAD não existe. ECHAD é UM com mesmo uso que o UM em português. Quem determina se se trata de algo composto ou não são as palavras modificadoras. Por exemplo, quando a Bíblia fala de que pela boca de UMA testemunha ninguém será condenado, ali está ECHAD, não YACHID, como seria a sugestão do Pastor. Uma testemunha é uma testemunha, não uma composição de testemunhas.
3) O plural "façamos" não designa necessariamente uma pluralidade (muitos dizem "saudamos os irmãos", mas é uma só pessoa falando de si mesmo). Daniel falou para Nabucodonosor acerca do sonho: "Diremos", mas foi ele só quem disse. Artaxerxes também falou dele mesmo no plural, no entanto não haviam três de cada.
Deve-se dizer também que embora a palavra DEUS ocorra mais de 2.000 vezes, apenas em raríssimas ocasiões o termo a ela ligado aparece no plural. Não se pode transformar exceção em regra, mas entendê-la no contexto.
4) Dá para perceber que o pastor trinitário sabe que a palavra Elohim,que ele na apresentação quis dar a entender que abarcava uma trindade, não é suficiente para isso, já que no segundo bloco, ele reconhece que a palavra por si só, não diz muita coisa. E não diz mesmo, porque até os deuses pagãos são chamados de "Elohim". Ele diz que BARA no plural com Elohim no plural é um problema para o monoteísmo judaico, isso não é verdade, porque uma palavra plural hebraica não determina, necessariamente, a quantidade, mas também intensidade, superlatividade. Ele, nesse ponto, deve estar apenas supondo a partir do que acredita.
5) Ele, o pastor trini conhece o argumento contrário, mas não considera o peso do que o argumento significa. Dn. 2.36 “Este é o sonho; também a sua interpretação diremos na presença do rei.” Daniel disse "DIREMOS" pela ideia do pastor deve existir no mesmo Daniel, três personalidades independentes. Parece-me que a análise do pastor está biblicamente incompleta, e conhece apenas parcialmente o que o judaísmo defende nessa questão .OBS. Não sou judeu, sou assembleiano.
6) O Pastor unicista, por seu turno diz que Jesus é o Deus da Bíblia, quando a Bíblia diz, nas palavras do próprio Jesus que O PAI é o ÚNICO DEUS VERDADEIRO (Jo. 17.3) e em Ap. 3.12: "Ao que vencer [disse Jesus] eu o farei coluna no templo de MEU DEUS".
7) Ele, o irmão unicista, cita que o "mundo foi feito por ele", mas a palavra POR tem significando no original de ATRAVÉS, isso pode ser confirmado em Hb.1.2 "nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo". DEUS fez o mundo por intermédio de seu Filho.
8 ) Ele cita Is. 9.6 onde Jesus é chamado de "Pai da Eternidade", mas o verso diz: "O seu nome será". Se o nome significasse que ele já era, como, então, o seu nome ainda iria ser? Jeú significa: "Yahweh é ele", mas será que Jeú era Yahweh? Os nomes teofóricos são homenagens e não necessariamente uma identidade.
9) Se o trinitarismo tem bases questionáveis, o unicismo ainda o tem muito mais. Por isso o pastor unicista sente dificuldades de explicar a questão das duas testemunhas. O fato é, isso não prova duas pessoas na divindade como requererá o pastor trinitário, mas dois testemunhos. A expressão "eu e Pai somos um" não é o suficiente para acreditar que Jesus era Deus, porque em Jo. 17.21-24 mostra que nós somos um com ele, assim como o Pai e ele são UM. Isso não pode significar deidade, caso contrário nós seríamos Deus também!
10) O pastor trinitário fala de "diversidade de pessoas na essência", mas isso não é um ensino bíblico, apenas uma tentativa de tornar palatável o dogma da trindade. Ou seja, essa expressão não é prévia do ensino bíblico que aponte uma trindade, mas externo e necessário à aceitação da trindade. Faz parte da dogmática.
11) O pastor trinitário diz que vamos encontrar diversos textos Bíblicos que Jesus é Deus, isso não é verdade. Eles são bastante raros e sujeitos a análise contextual. No NT há, aproximadamente, 1345 ocorrências da palavra Deus, mas poucos, talvez, na melhor das hipóteses, uma meia dúzia (0,07% do total) chame Jesus de Deus, todo o restante, tirando um ou dois, é aplicado ao Pai. Como o próprio Pai disse, no VT "sois deuses" precisamos pesar em que sentido alguém além do Pai é chamado de "Deus" e não transformar quem for chamado de "Deus" em um composto com o Pai.
12) Note-se que o pastor trinitário para não admitir politeísmo, já que a Bíblia é monoteísta, se vê forçado a entender que os três são o mesmo Deus. Ou seja, a trindade não é um ensino formal das Escrituras, mas uma conformação da mente humana a partir do que ele acha que a Bíblia afirma.
13) O batismo de Jesus não apresenta uma trindade de pessoas em Deus. No máximo três personagens, isso serve contra o unicismo, mas não prova uma trindade.
14) O pastor unicista diz que Jesus é o Verdadeiro Deus, talvez com I Jo. 5.20 na mente. Mas, lá não está dito que Jesus é o Verdadeiro Deus. Ali diz que Estamos no Verdadeiro, em seu Filho" Ora, se Jesus é o Verdadeiro Deus a quem se refere o possessivo "SEU"? Evidentemente que o SEU se refere ao verdadeiro de que o Filho é, doutra sorte estaríamos falando do Filho do Filho, pois o possessivo se refere a quem Jesus é Filho, se refere ao Verdadeiro Deus, O Pai.
15) O pastor trinitário diz que a Bíblia fala de mais de uma pessoa, mas não fala de mais de um Deus e por isso a fórmula trinitária deve ser a correta, mas isso é um equívoco, pois ele teria primeiro que estabelecer que as três pessoas são o mesmo Deus, e pelo menos até esse ponto do debate isso não foi provado.
16) O pastor unicista cita João 14 e o pedido de Felipe ao que Jesus responde, "quem vê a mim, vê o pai". Mas, isso não e o suficiente para se afirmar que Jesus é o Pai, pois no verso de Jo 14:10, Jesus diz: "Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras." Mostrando dois distintos. As obras do Pai reflete o Pai em Jesus não que Jesus e o Pai sejam o mesmo.
17) O próprio pastor trinitariano ao comentar o evento de Estêvão, testifica que Jesus não é Deus, porque está dito que Estêvão viu O FILHO DO HOMEM em pé a destra de Deus. Dois distintos, mas apenas um, na glória, é reconhecido como Deus.
18) No minuto 52 o trinitarista, surpreendentemente, usa um argumento unitarista para combater o argumento unicista. Sobre o "Eu e o Pai somos um", tantas vezes citado por trinitarista, o trinitarista usa contra o unicista Jo. 17, onde fala que "para que eles sejam um, como eu e tu somos um". Depois fala da oração e o unicista apela para a questão das naturas, argumento também usado pelos trinitaristas, mas aqui rejeitado contra o unicista. Isso mostra que um trinitarista, bem informado, pode equacionar as coisas de outra forma, mas deseja se manter trinitário e combater o unicismo com argumentos unitaristas.
19) O pastor fala de Justo Gonzalez para tentar afirmar a historicidade da defesa da trindade. O detalhe é que esse escritor é trinitário e certamente escreverá apurará e apresentará as coisas a dar um conotação favorável a sua crença. Ele acha que a igreja primitiva não tinha a visão exata, apesar de muitos deles terem vivido com o próprio Jesus. É como se a verdade só pudesse ser encontrada distante do fato. Isso deveria ser bem suspeito.
Ele falou de Tertuliano no segundo século e a palavra trindade, mas o que pouca gente sabe é que Tertuliano disse em Contra Hermógenes: "Houve um tempo em que não havia Filho e nem pecado, quando Deus não era nem pai nem juiz". Isso significa que apesar de cunhar o termo trindade, o próprio Tertuliano não cria em uma trindade de seres coiguais, coeternos. E mostra que houve um crença anterior em que o Filho não era eterno, e, portanto, não poderia ser o próprio Deus. Os trinitários usam textos seletos, inclusive, o Justo Gonzalez, mas não apresentam a história de forma imparcial.
21) O pastor trinitário cita alguns homens que foram considerados "pais da igreja". O problema é que eles só foram eleitos "pais da igreja" quando bem tardiamente foi estabelecido uma doutrina que alguns dos escritos deles apoiava. Os outros pensadores cristãos que afirmavam coisa contrária foram chamados de hereges. Inácio de Antioquia mesmo era um ANTISSEMITA e queria dissociar a igreja de suas raízes judaicas por oposição aos judeus, logo não tinha compromisso com o monoteísmo judeus.
22) Ele fala de Orígenes, mas esse pensado chega a alegar a existência de um segundo deus (deutero teos) e cria na eternidade das almas. Assim, todos precisam ser vistos com bastante critério e não apenas abraçar o que parece apoiar o que hoje se crê.
23) O pastor trinitário supõe que se Jesus foi oferecido, então, há pluralidade de pessoas na divindade. Isso não é verdadeiro porque as premissas estão erradas. O fato de Jesus se oferecido, não o torna deidade ou prova a diversidade na deidade. Pelo contrário se ele foi oferecido a Deus, então, só o Pai é Deus. E Jesus a oferta pelo pecado.
24) As entrevista havidas, mostra claramente como as pessoas respondem com algum grau de insegurança. Se a pergunta fosse: Deus nos salva através de quem? A resposta seria firme e invariável. Mas, a trindade é algo obscuro que não é ensinado na bíblia fazendo com que seja apenas coisa de teólogos.
25) O pastor trintário disse que nenhum religião antiga ensinou o conceito de trinidade, isso não é exatamente verdade. O Gnosticismo fazia isso. No Livro Secreto de João, um escrito gnóstico encontramos: “Não havia uma pluralidade antes de mim, mas havia uma semelhança com várias formas na luz, e as semelhanças apareceram uns através dos outros, e à semelhança tinha três formas. Ele me disse: 'João, João por que você duvida, ou por que você tem medo? Você não está familiarizado com esta imagem, não é? – Que é isso, não seja tímido! -. Que eu sou o único que está com você sempre, que eu sou o Pai, eu sou a mãe, eu sou o Filho. Eu sou o único imaculado e incorruptível'”. Nesse mesmo livro encontramos a expressão: “o andrógino três vezes nomeado um” (Traduzido por Frederik Wisse para a Biblioteca de Nag Hammadi).
Paz!
Valdomiro.