por Prof. Azenilto G. Brito Ter 27 Out 2015, 14:22
A Maria Madalena devia atentar bem ao que dizem os “fundadores” de sua fé. E eles disseram e deixaram registrado que “A lei moral é o fruto da nova vida em Cristo Jesus, pois só por Ele o homem pode cumprir o querer de Deus”.
Percebeu bem? O querer de Deus é cumprido “por Ele”, ou seja, Cristo Jesus. Não se trata de ter que “lembrar” a lei, pois não soube negar o que eu cansei de mostrar. Os apóstolos de Cristo “LEMBRARAM” vez após vez, após vez regras e mais regras de conduta aos cristãos nascidos de novo. Efésios 6:1-3 é apenas um exemplo. Paulo lembra, sim, aos crentes TODOS de Éfeso que devem acatar o mandamento de honrar pai e mãe (Efé. 6:1-3). Um exemplo isolado dentre tantas outras regras lembradas e reiteradas. Por exemplo, porque tantas vezes lembram o “amar o próximo”? Paulo até recorda aos gálatas utilizando uma linguagem irônica:
“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros”. -- Gál. 5:14,15.
O amor ao próximo devia ser algo “automático”, sem precisar ser lembrado, assim como a respiração é para nós algo que nem nos esforçamos por praticar. Nem percebemos o subir e descer do pulmão em meio a nossas atividades do dia a dia. Mas é lembrado a todos, nascidos de novo ou não. . .
Por quê? Ora, é porque nossa tendência como seres ainda sob um mundo de pecado é nos esquecermos desses fatos. E é interessante que os apóstolos ressaltam vez após vez, como Paulo, João, Tiago, Pedro, essa necessidade de amar o próximo, e não falam tanto do outro aspecto da “regra áurea”, que é amar a Deus de todo o coração, o que, como demonstramos por Mat. 10:37 e 1 João 5:2, chega a ser PRIORITÁRIO. Por quê? Havia uma razão “pragmática”--a Igreja estava crescendo extraordinariamente e havia o ingresso constante de pessoas das mais diferentes origens, sobretudo do paganismo, com novos costumes, culturas e línguas. A convivência de toda essa gente recém-chegada ao seio da Igreja podia ser às vezes problemática pelos choques culturais e outros fatores.
Entre os cristãos primitivos não se precisava falar tanto daquilo que era líquido e certo em seu entendimento. Por exemplo, não se encontra nada de não se falar o nome de Deus em vão, a não ser em algumas poucas ocasiões, e só ligado a juramento. Nada se fala de não se dever confeccionar imagens de escultura. Por quê? Porque não era necessário ressaltar o erro de tal prática, já que os “ídolos” deviam ser abandonados e a confecção deles automaticamente estava subentendida na proibição de seu culto. Já para Israel foram lembradas as duas coisas--não farás imagens/não te inclinarás ante elas.
Não consta nada sobre não praticar sexo com animais. Nunca se fala de proibir casamento de irmão com irmã. Nem se menciona nada contra consultar os mortos, algo tão claramente condenado em Deu. 18:9-12 e Isa. 8:19, 20.
Então, o que era automaticamente sabido, dispensava ser “lembrado”. O que podia ser “esquecido” era ressaltado, e o amor ao próximo era muito necessário de ser sempre lembrado diante dessas circunstâncias de contato entre judeus e não-judeus na nova religião que se formava.
Portanto, está muito claro que as muitas e muitas recomendações para amar o próximo, reforçadas pelas muitas e muitas recomendações que disso deriva, não significa negação da fé, da experiência de novo nascimento, de espiritualidade dos crentes assim admoestados.
Estão certíssimos os líderes da Congregação Cristã do Brasil ao lembrarem, portanto, que “A lei moral é o fruto da nova vida em Cristo Jesus, pois só por Ele o homem pode cumprir o querer de Deus”. Talvez a linguagem deles pudesse ser modificada ligeiramente para dizer--o respeito pela lei moral é o fruto da nova vida em Cristo Jesus. Aí, sim, ficaria mais claro, pois a lei moral é realmente o transcrito do caráter divino.
Aliás, os assembleianos, em sua Bíblia de Estudo e Aplicação Pessoal, obra da maior autoridade para instrução da Igreja, diz:
“Será que as leis de Deus observadas pelos israelitas servem para os cristãos? As leis foram designadas para guiar todas as pessoas a um estilo de vida saudável, justo e voltado para Deus. Seu propósito é apontar o pecado e mostrar a maneira correta de lidar com ele. Os dez mandamentos se aplicam hoje assim como se aplicavam há três mil anos, pois proclamam um estilo de vida estabelecido por Deus. São a perfeita expressão da pessoa de Deus e como ele deseja como o povo viva”. – Op. Cit. (CPAD—Casa Publicadora das Assembléias de Deus), pág. 237 (destaque meu).