por Gil Rocha Sex 20 Ago 2010, 16:09
Eu falo a verdade.
Mentiras que visam prejudicar, enganar, trapacear, etc. sem dúvida, são pecados graves. Quem as comete, é réu de morte eterna, a menos que se arrependa e creia em Cristo.
Todavia, "meias verdades" são necessárias para a vida em sociedade. Imagine sair por aí dizendo o que pensa de tudo e de todos... basta assistir o filme "O Mentiroso" para ter uma idéia de como seria caótico.
Há, na verdade, mentiras "necessárias", são casos em que elas são mais proveitosas que a verdade, pois podem, por exemplo, salvar a vida de pessoas.
Conheço um homem que teve a casa invadida por um sujeito, logo a seguir marginais armados entraram perguntando por um homem. Se ele falasse "a verdade", o cara seria morto ali, dentro da casa dele, se é que ele também não fosse, por queima de arquivo. Ele indicou errado, todos se foram e ele e o invasor ficaram vivos. Ele pecou por isso ? Para mim não, doutro modo, seria cumplice de assassinato e, provavelmente, vítima também.
- Um exemplo "famoso":
Notícia de 7/5/2008 14:05
Fonte: http://correiodobrasil.com.br/dilma-mentir-na-tortura-nao-e-facil/136085/
Dilma: ‘Mentir na tortura não é fácil’
Antes mesmo de a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, iniciar sua exposição em audiência pública na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura, nesta quarta-feira, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) pediu a palavra e sugeriu que Dilma falasse sobre o caso do dossiê. Virgílio afirmou que Dilma foi convidada para falar sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), “projeto tão relevante para o país”, mas pediu que a ministra fizesse uma exposição sobre a questão do suposto dossiê, um documento que conteria dados sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Virgílio afirmou que a palavra de Dilma sobre o dossiê seria relevante e prometeu tratar a ministra com urbanidade e cavalheirismo.
- De um lado e de outro estão democratas que querem o império da lei e não aceitam coação a adversários. A legitimidade desta sessão passa pela senhora começar a reunião abrindo seu coração e dizendo o que sabe sobre o dossiê – disse Arthur Virgílio.
Dilma chegar ao Senado Federal por volta das 10h e, antes de se dirigir ao gabinete do presidente da Casa, Garibaldi Alves, disse aos repórteres que estava tranqüila e iria responder a todas as perguntas. Ela foi convocada para falar à Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI) sobre o andamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em janeiro de 2007 pelo Executivo federal.
A senadora Ideli Salvati (PT-SP) lembrou o bom momento econômico em que o país se encontra e pediu responsabilidade e seriedade dos parlamentares que participam da reunião. Ela saiu em defesa da ministra, também antes de Dilma assumir a palavra, avisando que a ministra, que militou na luta contra a ditadura militar entre 1968 e 1970, “mentiu para salvar a sua vida e a dos companheiros”, durante sessões de tortura promovidas pelas forças da repressão, na época. A declaração foi a propósito de um comentário de senadores da oposição, sobre a capacidade de a ex-guerrilheira mentir “até no pau-de-arara (instrumento medieval de tortura)”, como afirmou o senador Agripino Maia (DEM-RN), um dos maiores adversários do governo.
Dilma também fez questão de responder ao senador, antes de iniciar sua exposição sobre o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
- O que aconteceu ao longo dos anos 70, não é ditadura policialesca, mas a impossibilidade de se dizer a verdade em qualquer circunstância. O direito a livre expressão estava enterrado. Não se dialoga com o pau-de-arara, o choque elétrico e a morte. É isso que é importante hoje na democracia brasileira. Qualquer comparação entre ditadura e democracia, só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira – afirmou a ministra, olhando para o senador Maia.
Ela acrescentou que ela e Agripino Maia viviam momentos de vida muito diferentes nos Anos de Chumbo. Ela lutava pela liberdade.
- Isso integra a minha biografia da qual eu tenho orgulho. Me orgulho de ter mentido, mentir na tortura não é fácil. Diante da tortura, quem tem dignidade fala mentira. Agüentar tortura é dificílimo. Todos nos somos muito frágeis, somos humanos, temos dor, a sedução, a tentação de falar o que ocorreu. A dor é insuportável o senhor não imagina o quanto. Me orgulho de ter mentido porque salvei companheiros da mesma tortura e da morte – afirmou a ministra, sob os aplausos dos senadores.
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Dilma errou ao "mentir" aos torturadores ? Para mim não, pelo contrário, foi heróica. Os que não aguentaram e contaram a verdade do que sabiam, entregaram a morte muitos colegas e amigos.
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Claro que é mais "espiritual" dizer que crentes são 100% verdade, tão verdade que até na hora que o telefone toca e o chefe diz: "Fala que eu não estou", o crente diz: o chefe está, mas mandou dizer que não está"...
Porém quem faria isso?