Amados,
essa história de plágio da Sra. White ainda persiste até os nossos dias, talvez por pessoas que só preocuparam em demonstrar a insatisfação que tem dos escritos da autora bíblica.
Veja abaixo essa questão de modo mais amplo, fazendo alusão ainda à primeira pessoa a fazer esse tipo de acusação sem antes conhecer a história e seu contexto histórico.
A fonte está onde extraí essa informação está abaixo...
ACUSAÇÃO DE PLÁGIO
The Tribune Chicago de 23 de novembro de 1980, cita as palavras de Walter Rea: "Ellen G. White foi uma plagiadora". Há qualquer fundamento nesta acusação?
Plágio, como geralmente se entende, inclui o ato de um autor ao fazer extrações dos escritos de outro sem mencioná-lo, a prática de fraude por fazer material de outro passar como se fosse seu, e o ato de privar o autor original de reconhecimento e de seus justos benefícios financeiros.
É fato que Ellen White verdadeiramente usou obras de outros até certo ponto enquanto empenhada em seus escritos, mas não há nenhuma evidência de intenção de fraude por parte dela, nem há evidência de que qualquer outro autor fosse alguma vez privado de seus legítimos benefícios por causa das atividades dela. Nenhum editor ou autor em qualquer parte já processou ou ameaçou processar Ellen White sob a alegação de que direitos autorais ou editoriais houvessem sido infringidos. (Veja Brief Statements Regarding the Writings of Ellen G. White*, p. 14; veja também F. D. Nichol, Ellen G. White and Her Critics, pp. 403-467 para uma discussão completa sobre a questão do Plágio).
LEIS SOBRE DIREITOS AUTORAIS E PLÁGIO NO SÉCULO PASSADO
Existiam direitos autorais cem anos atrás? Os White tinham conhecimento dessas leis? Compreendiam o que constituía o plágio?
Sim, existiam de fato leis sobre direitos autorais, e a família White, bem como os adventistas em geral, estavam cientes dessas leis. Também Perguntas Sobre o Santuário e Ellen G. White 81 compreendiam o que significava a palavra "plágio". Em 1864 Urias Smith escreveu um editorial na Review:
"Plágio: esta é uma palavra usada para expressar 'roubo literário', ou o ato de tomar as produções de outrem e fazê-las passar por sua própria.
"Em a World Crisis (Crise do Mundo) de 23 de agosto de 1864, encontramos um poema com o devido cabeçalho: 'Para a Crise do Mundo' e assinado: 'Luthera B. Weaver'. Qual não foi nossa surpresa, portanto, ao descobrir que esse poema era nosso hino familiar: 'Por muito tempo sobre as montanhas, cansado, / Foi torturado o rebanho disperso'.
"Este poema foi escrito por Annie R. Smith, e publicado pela primeira vez na Review, vol. II, nº 8, de 9 de dezembro de 1851, e tem estado em nosso hinário desde que a primeira edição saiu, depois disso. ...
"Estamos plenamente de acordo que trechos da Review, ou de qualquer de nossos livros, sejam publicados em qualquer extensão, e tudo que pedimos é, que se nos faça simplesmente justiça, ao fazer a devida menção do autor ou da obra". – Review and Herald, 6 de setembro de1864, p. 120.
Edson White, que havia-se tornado um editor por conta própria, uma vez aconselhou seu irmão mais novo, Willie, no tocante a direitos autorais (copyrights) de hinos:
"Com respeito a direitos autorais: você está enganado ao pensar que eles têm apenas uma reserva de direitos autorais geral para o hinário todo. Cada peça original (de música) tem sua reserva de direitos autorais. Mesmo que tal não se dê eu recebo conselho sobre o assunto do Bibliotecário da Assembléia Legislativa. Ele diz que uma reserva geral de direitos autorais é válida para cada peça musical do livro a menos que elas devessem ser publicadas separadamente. Eu queria palavras de Biglow e Nain para uma Antífona, mas não ousei usá-las até que houvesse escrito. Eu o aconselharia a ser muito cuidadoso sobre a infração de direitos autorais. O mundo logo passará a usar tudo que puder comandar contra nós, e o que eles permitissem que fosse feito hoje poderia no futuro causar-nos grande dano". – James Edson White a W. C. White, 21 de maio de 1878.
O editor de Youth's Instructor em1895 expressou seu desgosto por ter sido ludibriado por alguns colaboradores do periódico. Ele protestou energicamente: "De boa fé temos recebido artigos como se fossem originais, que posteriormente, para grande decepção de nossa parte, Perguntas Sobre o Santuário e Ellen G. White 82 verificou-se terem sido copiados na íntegra de escritos alheios". O editor referiu-se a esta prática como plágio e roubo. Declarou ele:
"Um plagiador é alguém que alega ter escrito um artigo original, mas que o tomou emprestado – talvez roubou seria uma palavra mais apropriada – de outra pessoa. Algumas pessoas que achariam ser um grande pecado roubar uma arroba de maçãs ou um dólar em dinheiro, não hesitam em roubar pensamentos ou expressões escritos de outros, e então apresentá-las como suas. Tais indivíduos necessitam ter suas sensibilidades morais aguçadas, a fim de poderem compreender que é tão verdadeiramente um roubo furtar um artigo de um livro ou periódico e mandá-lo para ser publicado como se fosse original, como o é furtar qualquer outra coisa.
Em conclusão, ele apelou a seus leitores:
"Querem por favor todos os amigos do Instructor escrever à vontade os melhores e mais bem escolhidos pensamentos de sua autoria, e citar de outros autores se assim o desejarem, mas deixar plenamente claro o que é original deles e o que não o é?" – Youth's Instructor, 2 de maio de 1895.
POR QUE FORAM OMITIDAS AS ASPAS
Em vista do fato de que os Whites estavam familiarizados com as leis sobre direitos autorais, por que nem sempre Ellen White usa aspas e menciona outros autores quando extraiu material deles?
A despeito da existência de leis sobre direitos autorais, não era raro que os escritores de um século atrás, tanto religiosos quanto seculares, fizessem empréstimos uns dos outros sem fazer menção específica do autor. Em sua History in the United States 1800-1860 (Johns Hopkins Press, 1970), George Callcott declara:
"O segundo principal ataque que os eruditos modernos faziam aos historiadores do início do século dezenove girava em torno do juízo, a prática de usar em suas próprias obras a mesma fraseologia que alguma outra pessoa usou. O historiador do início do século dezenove ficaria assombrado com o ataque e pleitearia nolo contendere,* e simplesmente salientaria que nunca pretendeu ser original quando podia encontrar uma outra pessoa que havia dito de forma satisfatória o que ele tinha em mente.
"Um dos primeiros a ser atacados foi William Gordon, por usar material do Annual Register sem aspas. ...
"Após citar suas fontes, um escritor típico declarou que 'desejava admitir publicamente que ele freqüentemente copiava a linguagem, bem como os fatos, e não era minucioso a ponto de tirar a beleza de sua página com aspas'. Outro lisonjeiramente explicou que seus 'primeiros cinco capítulos... são do esboço histórico admiravelmente escrito no Martin's Gazetteer'. Outros abertamente declaravam que não haviam 'hesitado' em copiar um estudo bem escrito de época anterior; que eles usaram 'amplamente a linguagem de outros'; que utilizavam obras alheias 'sem fazer apresentação das autoridades nas quais me baseei'; que, ao ser encontrada uma boa fonte, eles haviam 'adotado a fraseologia do autor por completo'; e que eles haviam 'feito uso delas como propriedade pública'.
"O historiador do início do século dezenove não sentia necessidade de provar sua originalidade, e não teria compreendido porque deveria fazer questão de retrabalhar um material quando o que ele queria dizer já havia sido melhor dito por um outro. ...
"Os historiadores em geral se sentiam lisonjeados e não insultados quando suas palavras eram usadas por outrem. É notável nesse período a ausência de rivalidade por erudição, e os escritores que faziam empréstimos um do outro continuavam a manter as melhores relações". – pp. 134-136.
Em 1863 Ingram Cobbin escreveu:
"Todos os comentaristas extraíram extensamente dos escritos dos pais da igreja, especialmente de Santo Agostinho; e a maioria deles fez propriedade pública de Patrick, Lowth e Whitby, Poole exauriu os escritures do Velho Mundo; Henry usou livremente dos escritos de Bishop Hall e outros; Scott e Benson enriqueceram suas páginas abundantemente de Henry; Gill traduziu o espírito da "Sinopse" de Poole, mas geralmente cita as autoridades de onde extraiu; Adam Clarke e Davidson valeram-se muito de todos os melhores críticos, embora o primeiro nem sempre mencione seu vínculo com eles, e o último nunca o faça; mas o prefácio de seu admirável "Comentário de Bolso" é uma confissão honesta de que ele não pretende ser mais que um compilador". – Citado por F. D. Nichol, Ellen G. White and Her Critics, p. 406.
Em 1873 W. F. P. Noble publicou seu excelente livro, The Prophets of the Bible, com o seguinte prefácio:
"Ao preparar estes esboços, o autor livremente se utilizou de qualquer material que servisse ao seu objetivo. Reconhece ele sua dívida para com vários autores que trataram deste mesmo grande tema em qualquer de seus aspectos. Estiveram perante ele as obras de muitos autores e foram usadas tanto quanto podiam ser úteis para seu propósito. Esforçou-se ele por trazer a essência de vários livros perante uma classe de leitores que não têm acesso a essas fontes; e com este fim em vista, foi incorporada qualquer citação de outros autores que parecia Provavelmente comunicar interesse adicional à leitura das Escrituras; isto foi feito na medida em que o espaço permitia.
"Não achou ele necessário, no desenvolvimento deste plano, sobrecarregar as páginas com referências marginais, ou o texto impresso com aspas, mas julgou ser suficiente fazer esta menção geral no início".
Conybeare e Howson, de quem acusou-se Ellen White de haver copiado, fizeram empréstimos de outros autores sem fazer-lhes menção ou usar aspas. (Veja Nichol, pp. 424, 425). D. H. Canright, que em 1387 condenou a Sra. White por esta prática, fez, ele próprio, extensos empréstimos literários em uma publicação sua de 1878, sem nenhuma indicação no prefácio ou em qualquer outra parte de que ele estava fazendo isto. (Veja Nichol, p. 408).
Raymond Cottrell declara que quando estava trabalhando no Comentário Bíblico Adventista, teve ocasião de comparar, um com o outro, trinta comentários sobre I Coríntios. Para seu assombro descobriu ele que muitos desses respeitados comentaristas haviam "copiado significativas quantidades de material uns dos outros, sem mencionar a fonte uma só vez" (The Literary Relationship Between the Desire of Ages, by Ellen G. White, and The Life of Christ, by William Hanna", p. 6).
Em 1920 a Review and Herald publicou o Livro de Texto para o 3º Grau, de W. W. Prescott, The Doctrine of Christ, que trazia aspas mas não referências em mais de 700 dos 1000 parágrafos de material citado de outras fontes. O que os editores atuais não conceberiam por um momento era aparentemente perfeitamente aceitável em 1920. Prescott Perguntas Sobre o Santuário e Ellen G. White 85 defendia este empréstimo liberal de outros autores sem fazer referências. Declara ele em sua nota introdutória:
"Em todas as citações nas notas tiradas do espírito de profecia há as devidas referências do livro e da página. As outras citações foram selecionadas de muitas fontes, mas como estas não são citadas como autoridades, mas apenas utilizadas para a expressão de pensamento, não se deu as referências". – The Doctrine of Christ, p. 3.
Fonte: 101 Perguntas Sobre o Santuário e Ellen White, pgs. 80-85.