Macabeus e o Iníquo
Por Sha’ul Bentsion
Introdução
O livro de Macabeus narra os eventos ocorridos em Israel quando da invasão de Antíoco Epifânio à terra, em eventos que são bastante conhecidos de todos aqueles que são familiarizados com a história de Chanuká.
Nos recentes trabalhos de pesquisa da INJS, tem sido analisados alguns fragmentos de Macabeus no hebraico original. Um dos elementos interessantes disso está no fato de que enquanto no manuscrito grego, 1 Macabeus 1:10 traz "Antíoco chamado Epifânio", o hebraico traz "Antíoco, o Iníquo"
O mais curioso é que a literatura judaica, séculos depois, também traz a expressão "Antíoco, o Iníquo". Historicamente, "O Iníquo" é um título atribuído a Antíoco Epifânio, que por muitos séculos foi conhecido dessa forma. Aliás, tanto o povo não esqueceu como sua história foi imortalizada na celebração da festa de Chanuká, contada como midrash ano após ano.
O Iníqüo
"Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem da iniqüidade (ou "violação da Torá") o filho da perdição..." (2 Tess 2:3)
Em diversas ocasiões, os escritores dos Ketuvim Netsarim partem do pressuposto de que os leitores de seus tratados já estariam familiarizados com certos termos e conceitos. Na maioria das vezes, um estudo da Bíblia, da história e da literatura judaica costuma explicar tais termos e conceitos. A boa prática da interpretação das Escrituras requer esse entendimento para a compreensão do texto.
Aqui, uma análise das Escrituras (neste caso, 1 Macabeus, parte do cânon da LXX e da Peshitta Aramaica), bem como da literatura judaica e da história aponta indubitavelmente para Antíoco, o Iníquo.
Ao lerem o texto de Rav. Sha'ul (Paulo), seria inevitável a associação deste texto à figura de Antíoco. Então, é razoável concluirmos que "o Iníquo" de Rav. Sha'ul seria um personagem com características semelhantes ao do rei Antíoco.
Mas, o que poderia confirmar nossa conclusão? Será que há outro dado nos Ketuvim Netsarim (Novo Testamento) que indicariam tal coisa?
A Abominação da Desolação
Um dos fatores que confirmam nossa conclusão está na profecia dada por Yeshua:
"Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Dani'el, está no lugar kadosh; quem lê, atenda;" (Matitiyahu/Mateus 24:15)
A própria Enciclopédia Judaica afirma que a expressão encontrada nas boas novas é uma referência a Dani'el 11:31 (e também a Dani'el 12:11) que diz:
"E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o sacrifício contínuo, estabelecendo abominação desoladora."
Segundo a própria Enciclopédia Judaica, a palavra "abominação" é uma referência a um ídolo, tanto nas Escrituras (Melachim Beit/2 Reis 23:13) quanto na literatura judaica em geral.
Mas, o que seria essa abominação da desolação?
O Jogo de Palavras de Dani’el
O termo hebraico encontrado em Dani'el é "shikuts meshomem". Muitos acadêmicos judeus associam essa expressão com o termo "ba'al shamem" - ue certamente era do conhecimento de Dani'el - um título siro-fenício que significa "senhor dos céus", usado para Dyeus Pater, ou Júpiter, conhecido na mitologia grega como "Zeus, o
Pai".) Dani'el teria feito um jogo de palavras entre o termo fenício "shamem" (que significa "céus" - possivelmente derivado do hebraico "shamayim") com "shomem", que no hebraico significa desolação.
A figura ao lado mostra a ruína de um templo de Ba’al Shamem, na região da atual Síria.
O Segundo Antíoco
Mas então, quando a platéia dos ouvintes de Yeshua, todos judeus do primeiro século, ouviram o termo "abominação da desolação", a que associariam? Qual a interpretação judaica de Dani'el 11:31?
A resposta é bastante trivial, dada a compreensão acima da expressão "shikuts meshomem" (especialmente do jogo de palavras "shomem" e "shamem"), e é confirmada pela literatura rabínica.
Os rabinos consideram a expressão "shikuts meshomem" como uma referência ao evento em que Antíoco Epifânio profanou o Beit HaMikdash (Templo) ao erguer nele uma estátua de Zeus, isto é, de Ba'al Shamem.
Portanto, os judeus da época teriam entendido que Yeshua se referiria a um segundo personagem, à semelhança de Antíoco, que profanaria o Beit HaMikdash (Templo). Yeshua, portanto, também falava de um segundo "Iníquo" à semelhança de Antioco.
A História se Repete
Com base nas evidências bastante sólidas e transparentes apresentadas acerca da associação da figura do "Iníquo Escatológico" com "Antíoco, o Iníquo", mostrando que esperava-se que o segundo fosse à semelhança do primeiro, para que possamos identificar o segundo "Iníquo", faz-se mister que entendamos exatamente aquilo que Antíoco o Iníquo fez, para que possamos entender o que esse segundo Iníquo faria.
Resumo dos Fatos
Antíoco tentou a qualquer custo destruir a verdadeira fé de YHWH. Primeiramente, estimulando a corrupção, usurpação de autoridade e o sincretismo religioso, além do politeísmo. Em segundo lugar, estimulando uma cultura helenista e contrária à Torá. Em terceiro lugar, com perseguição aos judeus zelosos de YHWH.
Para efeito de comparação, apresentamos aqui um resumo dos principais fatos de
Antíoco:
1 - Antioco identificava-se como sendo Apolo encarnado, isto é, filho de Ba'al Shamem (Dyeus, ou Zeus no grego). A figura ao lado é uma moeda de seu reinado, trazendo-o caracterizado como Apolo.
2 - Antioco procurou denacionalizar os judeus culturamente, de modo a enfraquecer Israel como nação (esta era uma estratégia comum de Antioco, e explicava a sua imposição da cultura helenista)
3 - Procurou impor uma cultura helenista a Israel (vide item anterior)
4 - Promoveu a usurpação da verdadeira autoridade sacerdotal, apoiando um cohen gadol ilegítimo
5 - Promoveu, inicialmente, um sincretismo religioso entre a fé judaica e elementos da fé helenista
6 - Promoveu o politeísmo e promovou a construção de templos pagãos em Yerushalayim
(segundo 1 Macabeus 1:14 no hebraico)
7 - Ergueu uma estatua de Dyeus (Zeus) no Beit HaMikdash (Templo)
8 - Sacrificou um animal imundo no Beit HaMikdash (Templo) e profanou o que era cerimonialmente limpo
9 - Promoveu e até mesmo ordenou o consumo de carne imunda
10 - Proibiu o Shabat e festas bíblicas, substituindo-os por festivais pagãos
11 - Inicialmente estimulou a transgressão à Torá, e depois forçou os judeus a fazê-lo
12 - Seu império destruiu Yerushalayim e boa parte de Israel
13 - Seu império assassinou muitos judeus de forma extremamente brutal e cruel
14 - Perseguiu aqueles que optaram por seguir a YHWH
15 - Seu império tentou forçar judeus a deixarem de lado sua identidade
Dentro desse contexto, poderemos supor que o segundo Iníquo faria coisas semelhantes
O Segundo Iníquo
Tendo como ponto de partida as referências de Rav. Sha'ul e do próprio Yeshua, e estudando os principais pontos de conflito entre Antíoco e o povo judeu, é da conclusão do autor deste estudo que o Iníquo muito provavelmente faria as seguintes coisas, à semelhança de seu antecessor:
1 - Seria declarado filho de Dyeus (ou Zeus)
2 - Negaria ou usurparia a identidade de Israel
3 - Fundaria uma fé helenizada, isto é, baseada em pensamento e cultura grega
4 - Usurparia a autoridade sacerdotal
5 - Sua fé seria um sincretismo da fé bíblica com o paganismo
6 - Sua fé teria elementos de politeísmo, e seus lugares de adoração seriam feitos à semelhança de locais de culto pagão
7 - Promoveria o culto a Dyeus em lugar de YHWH
8 - Estimularia a impureza cerimonial
9 - Estimularia o consumo de carne imunda
10 - Substituiria o Shabat e festas bíblicas por datas de adoração pagã
11 - Estimularia a transgressão da Torá, chegando até a condená-la
12 - Seu império destruiria Yerushalayim e/ou se oporia politicamente a Israel
13 - Seu império assassinaria muitos judeus de forma extremamente brutal e cruel
14 - Seu império perseguiria àqueles que optassem por seguir a YHWH
15 - Seu império forçaria muitos judeus a deixarem de lado sua identidade
Conclusão
O autor deste estudo é da opinião de que há uma figura que se encaixa perfeitamente na descrição supracitada, e que não é difícil detectar quem é este Iníquo, porém deixa as conclusões para cada um.
Por Sha’ul Bentsion
Introdução
O livro de Macabeus narra os eventos ocorridos em Israel quando da invasão de Antíoco Epifânio à terra, em eventos que são bastante conhecidos de todos aqueles que são familiarizados com a história de Chanuká.
Nos recentes trabalhos de pesquisa da INJS, tem sido analisados alguns fragmentos de Macabeus no hebraico original. Um dos elementos interessantes disso está no fato de que enquanto no manuscrito grego, 1 Macabeus 1:10 traz "Antíoco chamado Epifânio", o hebraico traz "Antíoco, o Iníquo"
O mais curioso é que a literatura judaica, séculos depois, também traz a expressão "Antíoco, o Iníquo". Historicamente, "O Iníquo" é um título atribuído a Antíoco Epifânio, que por muitos séculos foi conhecido dessa forma. Aliás, tanto o povo não esqueceu como sua história foi imortalizada na celebração da festa de Chanuká, contada como midrash ano após ano.
O Iníqüo
"Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem da iniqüidade (ou "violação da Torá") o filho da perdição..." (2 Tess 2:3)
Em diversas ocasiões, os escritores dos Ketuvim Netsarim partem do pressuposto de que os leitores de seus tratados já estariam familiarizados com certos termos e conceitos. Na maioria das vezes, um estudo da Bíblia, da história e da literatura judaica costuma explicar tais termos e conceitos. A boa prática da interpretação das Escrituras requer esse entendimento para a compreensão do texto.
Aqui, uma análise das Escrituras (neste caso, 1 Macabeus, parte do cânon da LXX e da Peshitta Aramaica), bem como da literatura judaica e da história aponta indubitavelmente para Antíoco, o Iníquo.
Ao lerem o texto de Rav. Sha'ul (Paulo), seria inevitável a associação deste texto à figura de Antíoco. Então, é razoável concluirmos que "o Iníquo" de Rav. Sha'ul seria um personagem com características semelhantes ao do rei Antíoco.
Mas, o que poderia confirmar nossa conclusão? Será que há outro dado nos Ketuvim Netsarim (Novo Testamento) que indicariam tal coisa?
A Abominação da Desolação
Um dos fatores que confirmam nossa conclusão está na profecia dada por Yeshua:
"Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Dani'el, está no lugar kadosh; quem lê, atenda;" (Matitiyahu/Mateus 24:15)
A própria Enciclopédia Judaica afirma que a expressão encontrada nas boas novas é uma referência a Dani'el 11:31 (e também a Dani'el 12:11) que diz:
"E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o sacrifício contínuo, estabelecendo abominação desoladora."
Segundo a própria Enciclopédia Judaica, a palavra "abominação" é uma referência a um ídolo, tanto nas Escrituras (Melachim Beit/2 Reis 23:13) quanto na literatura judaica em geral.
Mas, o que seria essa abominação da desolação?
O Jogo de Palavras de Dani’el
O termo hebraico encontrado em Dani'el é "shikuts meshomem". Muitos acadêmicos judeus associam essa expressão com o termo "ba'al shamem" - ue certamente era do conhecimento de Dani'el - um título siro-fenício que significa "senhor dos céus", usado para Dyeus Pater, ou Júpiter, conhecido na mitologia grega como "Zeus, o
Pai".) Dani'el teria feito um jogo de palavras entre o termo fenício "shamem" (que significa "céus" - possivelmente derivado do hebraico "shamayim") com "shomem", que no hebraico significa desolação.
A figura ao lado mostra a ruína de um templo de Ba’al Shamem, na região da atual Síria.
O Segundo Antíoco
Mas então, quando a platéia dos ouvintes de Yeshua, todos judeus do primeiro século, ouviram o termo "abominação da desolação", a que associariam? Qual a interpretação judaica de Dani'el 11:31?
A resposta é bastante trivial, dada a compreensão acima da expressão "shikuts meshomem" (especialmente do jogo de palavras "shomem" e "shamem"), e é confirmada pela literatura rabínica.
Os rabinos consideram a expressão "shikuts meshomem" como uma referência ao evento em que Antíoco Epifânio profanou o Beit HaMikdash (Templo) ao erguer nele uma estátua de Zeus, isto é, de Ba'al Shamem.
Portanto, os judeus da época teriam entendido que Yeshua se referiria a um segundo personagem, à semelhança de Antíoco, que profanaria o Beit HaMikdash (Templo). Yeshua, portanto, também falava de um segundo "Iníquo" à semelhança de Antioco.
A História se Repete
Com base nas evidências bastante sólidas e transparentes apresentadas acerca da associação da figura do "Iníquo Escatológico" com "Antíoco, o Iníquo", mostrando que esperava-se que o segundo fosse à semelhança do primeiro, para que possamos identificar o segundo "Iníquo", faz-se mister que entendamos exatamente aquilo que Antíoco o Iníquo fez, para que possamos entender o que esse segundo Iníquo faria.
Resumo dos Fatos
Antíoco tentou a qualquer custo destruir a verdadeira fé de YHWH. Primeiramente, estimulando a corrupção, usurpação de autoridade e o sincretismo religioso, além do politeísmo. Em segundo lugar, estimulando uma cultura helenista e contrária à Torá. Em terceiro lugar, com perseguição aos judeus zelosos de YHWH.
Para efeito de comparação, apresentamos aqui um resumo dos principais fatos de
Antíoco:
1 - Antioco identificava-se como sendo Apolo encarnado, isto é, filho de Ba'al Shamem (Dyeus, ou Zeus no grego). A figura ao lado é uma moeda de seu reinado, trazendo-o caracterizado como Apolo.
2 - Antioco procurou denacionalizar os judeus culturamente, de modo a enfraquecer Israel como nação (esta era uma estratégia comum de Antioco, e explicava a sua imposição da cultura helenista)
3 - Procurou impor uma cultura helenista a Israel (vide item anterior)
4 - Promoveu a usurpação da verdadeira autoridade sacerdotal, apoiando um cohen gadol ilegítimo
5 - Promoveu, inicialmente, um sincretismo religioso entre a fé judaica e elementos da fé helenista
6 - Promoveu o politeísmo e promovou a construção de templos pagãos em Yerushalayim
(segundo 1 Macabeus 1:14 no hebraico)
7 - Ergueu uma estatua de Dyeus (Zeus) no Beit HaMikdash (Templo)
8 - Sacrificou um animal imundo no Beit HaMikdash (Templo) e profanou o que era cerimonialmente limpo
9 - Promoveu e até mesmo ordenou o consumo de carne imunda
10 - Proibiu o Shabat e festas bíblicas, substituindo-os por festivais pagãos
11 - Inicialmente estimulou a transgressão à Torá, e depois forçou os judeus a fazê-lo
12 - Seu império destruiu Yerushalayim e boa parte de Israel
13 - Seu império assassinou muitos judeus de forma extremamente brutal e cruel
14 - Perseguiu aqueles que optaram por seguir a YHWH
15 - Seu império tentou forçar judeus a deixarem de lado sua identidade
Dentro desse contexto, poderemos supor que o segundo Iníquo faria coisas semelhantes
O Segundo Iníquo
Tendo como ponto de partida as referências de Rav. Sha'ul e do próprio Yeshua, e estudando os principais pontos de conflito entre Antíoco e o povo judeu, é da conclusão do autor deste estudo que o Iníquo muito provavelmente faria as seguintes coisas, à semelhança de seu antecessor:
1 - Seria declarado filho de Dyeus (ou Zeus)
2 - Negaria ou usurparia a identidade de Israel
3 - Fundaria uma fé helenizada, isto é, baseada em pensamento e cultura grega
4 - Usurparia a autoridade sacerdotal
5 - Sua fé seria um sincretismo da fé bíblica com o paganismo
6 - Sua fé teria elementos de politeísmo, e seus lugares de adoração seriam feitos à semelhança de locais de culto pagão
7 - Promoveria o culto a Dyeus em lugar de YHWH
8 - Estimularia a impureza cerimonial
9 - Estimularia o consumo de carne imunda
10 - Substituiria o Shabat e festas bíblicas por datas de adoração pagã
11 - Estimularia a transgressão da Torá, chegando até a condená-la
12 - Seu império destruiria Yerushalayim e/ou se oporia politicamente a Israel
13 - Seu império assassinaria muitos judeus de forma extremamente brutal e cruel
14 - Seu império perseguiria àqueles que optassem por seguir a YHWH
15 - Seu império forçaria muitos judeus a deixarem de lado sua identidade
Conclusão
O autor deste estudo é da opinião de que há uma figura que se encaixa perfeitamente na descrição supracitada, e que não é difícil detectar quem é este Iníquo, porém deixa as conclusões para cada um.