Aloha, amigos, desde Kaunakakai, Ilha de Molokai, Havaí
O problema de alguns é claramente confundirem Lei com Concerto. Não são a mesma coisa.
O que é concerto? Vários sentidos podem ser dados: acordo, combinação, aliança, contrato, convênio, pacto. Se alguém aluga uma casa, estabelecerá um contrato (concerto) com o inquilino pelo qual ele se dispõe a cumprir suas estipulações—cuidar bem do imóvel, não cortar árvores do quintal sem autorização do proprietário, pagar os aluguéis em dia, pagar os impostos incidentes sobre o imóvel, etc. Esta é a “lei” que rege o contrato, firmado entre as partes. Se o inquilino falha em cumprir tais estipulações, o que termina é o contrato, não as estipulações referentes à locação da casa. Estas prosseguirão em efeito para serem cumpridas por novo inquilino com o qual o contrato vier a ser firmado. Daí, o fim do contrato não é o fim de sua “lei”.
O concerto é “novo”, mas não o seu conceito, e a lei é a mesma. Princípios como “não matarás”, “não furtarás”, “não adulterarás”, são acatados pelos cristãos como válidos e vigentes da lei divina sob o Novo Concerto. Caso contrário, teríamos o caos universal, a nível público e privado.
O contrato entre Deus e Israel findou, não por que houvesse falha na lei que justificasse sua abolição (“a lei do Senhor é perfeita”—Sal. 19:7), mas porque o povo, que havia prometido “tudo quanto o Senhor falou, nós faremos” (Êxodo 19:8'), falhou miseravelmente em cumpri-la. Logo, a falha estava NO POVO, não NA LEI.
Ao longo da história do povo escolhido, novo concerto foi-lhe repetidamente oferecido (Eze. 36:26, 27; Jer. 31:31-33), mas os filhos de Israel não quiseram volver de seus maus caminhos. Assim, esse Concerto proposto ao antigo Israel é reiterado ao “Israel expandido” em Heb. 8:6-10; 10:16, que incorpora todos quantos são descendentes de Abraão pela fé (Rom. 2:29; Gál. 3:7 e 29).
Quando alguns pensam em termos de Novo Concerto logo imaginam que isso significa o FIM DA LEI como norma para os filhos de Deus. Só que uma leitura atenta do texto bíblico que trata diretamente da mudança do velho para o novo concerto destaca exatamente . . . a lei! Mostra que o Novo Concerto, chamado de “Minhas leis”, é sua base, sendo agora escritas pelo Espírito Santo nos corações e mentes dos que aceitam os termos desse Novo Concerto (ver Rom. 8:3 e 4). O texto de Hebreus NADA INFORMA sobre ausência ou substituição da lei de Deus em todos ou qualquer de seus mandamentos morais, sob o Novo Concerto.
Para desconsolo dos neoantinomistas/dispensacionalistas, o texto referido não fala em “lei do Espírito”, “lei da fé”, “lei de Cristo” ou “lei do amor”, mas “Minhas leis [de Deus]” que, obviamente abrangem todas estas e são as mesmas válidas e vigentes ao tempo de Jeremias. Afinal, o texto de Heb. 8:6-10 é mera reprodução de Jer. 31:31-33. Aqueles aos quais a epístola foi primeiro dirigida saberiam perfeitamente a que “Minhas leis” o autor se referia. Entendiam que a fé não anulou a lei divina, como Paulo explica em Romanos 3:31: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes, confirmamos a lei”.
Mas, e o cerimonialismo todo da lei do tempo de Jeremias?, alguém poderá perguntar. Não há problema nenhum. Os leitores primários da epístola também sabiam que àquelas alturas o véu do Templo se havia rasgado de alto a baixo, e o que isso significava—que os aspectos prefigurativos da lei cessaram, mas não os mandamentos da lei moral.
Aliás, esta SEMPRE foi a posição dos cristãos batistas, metodistas, presbiterianos, luteranos, anglicanos, etc., e até católicos, segundo se lê em suas confissões de fé e catecismos de séculos. E isso tem sido mais recentemente confirmado, como temos divulgado trechos de importantes obras para instrução da Igreja pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
Última edição por Prof. Azenilto G. Brito em Dom 11 Out 2015, 07:08, editado 1 vez(es)