Tzaruch, será que essa interpretação que o autor anônimo do evangelho atribuído a Mateus deu ao contexto de Is debatido aqui realmente se refere a Jesus ? Você diz "" O contexto do texto fala de CRISTO e da Galiléia das nações,
e Nazaré que fica para as partes da Galiléia é onde JESUS habitou. "" Mesmo ? Vamos ver. A começar pelo tempo verbal observado, o profeta está falando de algo de seus dias no século oitavo antes do ""nascimento"" de Jesus ( nos nasceu, se nos deu ), não de algo que aconteceria no futuro. ""O principado está sobre seus ombros"", era pra ser: E o reinado está sobre seus ombros não ? (Jo 19:4; Mc 15:26), não vejo essa argumentação de ""príncipe"" compatível ao que se lê de Jesus, segundo o próprio o príncipe desse mundo era Satanás, não ele (Jo 12:31;14:30;16:11). Quem chamou Jesus de príncipe não foi o profeta Isaías ( At 5:31 ). Quando ""Isaías"" escreveu esse texto, Ezequias ainda era um menino, e sendo filho do rei Acaz (II Rs. 18:1), era consequentemente um “príncipe”. O que Isaías diz: “o principado está sobre seus ombros” é coerente com a história de Ezequias, pois naquela época, sendo ainda menino, era um “príncipe” e não “rei”. Bem, e vendo o texto por outra ótica de tradução, as expressões Maravilhoso Conselheiro e etc, a não ser príncipe da paz se referem a YHWH, não Jesus, e a expressão ""príncipe da paz"" não se aplica a Jesus no contexto( falarei sobre isso depois): "Porque a nós, nos é nascido um menino*, e a nós nos é dado um filho; o governo estará sobre os seus ombros, e Deus, que é Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Eterno Pai, o chamará 'Príncipe da Paz'; pois aumentar-se-á o governo e a paz sem fim sobre o trono de David e sobre o seu reino, para o estabelecer e para o firmar com juízo e com justiça desde agora e para sempre. O zelo de [ADONAI˚] dos Exércitos cumprirá isto."
− Torá, A Lei de Moisés/ Meir Matzliah Melamed/ Editora e Livraria Sêfer/ 2001/ página 217.
"Pois nasceu entre nós uma criança*, um filho nos foi dado. E sobre seus ombros estará a autoridade; por isso o maravilhoso Conselheiro, o Deus Todo-Poderoso e Pai eterno, alcunhou-o de Sar-Shalom ('Príncipe da Paz'), para consolidar seu governo e para que sobre o trono de David e seu reinado não cesse jamais de haver paz, que será estabelecida e mantida através de justiça e retidão, desde agora e para todo o sempre. O zelo de [ADONAI˚] dos Exércitos há de tornar isto realidade."
− Bíblia Hebraica/ David Gorodovits e Jairo Fridlin/ Editora e Livraria Sêfer.
A designação ""príncipe"" ou ""governante"" da paz se referem a Ezequias e não a Jesus pelo contexto de Isaías, Este título faz alusão ao fato de que houve um período prolongado de paz na Terra de Israel durante o reinado do rei Ezequias. Este período pacífico foi importante devido seu convite ao remanescente dos judeus que viviam no Reino do Norte de Israel a participarem da
celebração da Páscoa (2Crônicas 30). Porque ele promoveu a paz entre as tribos de Israel, buscando uni-las no cumprimento dos mandamentos de YHWH (II Crôn. 30:1-27); nos seus dias, muitas nações foram invadidas e completamente devastadas pelos assírios; o reino de Judá, entretanto, teve paz todos os dias de Ezequias (II Crôn. 32:22-23). Sobre ""Jesus de Nazaré"" : "Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o Profeta.
Outros diziam: Este é o Messias; mas outros diziam: Vem, pois, o Messias da Galiléia?
Não diz a Escritura que o Messias vem da descendência de Davi, e de Belém, da aldeia de onde era Davi? Assim entre o povo havia dissensão por causa dele." (João 7:40-43) Complicado não ? Mas como essa parte também envolve questões de Miquéias, nem vou prolongar, a questão aqui é Isaías.
Tem o que muitos chamam de interpretação dupla não ? Que o texto pode significar mais de uma coisa certo ? Bem, aí já é a questão de fé de cada um, estou falando do contexto próprio, e no contexto próprio o texto a meu ver não se refere a Jesus e sim a Ezequias, por esse contexto próprio vejo que o autor anônimo do evangelho atribuído a ""Mateus"" errou, ou então ele já tinha em mente essa questão de interpretação dupla, mas isso é a interpretação subjetiva, na objetiva o contexto não é aplicado a Jesus.