Jefté,
“Invocar” o nome do Senhor e ser salvo não é passar por cima dos mandamentos e ordenanças instituídas pelo próprio autor e consumador da salvação, Jesus, o Cristo.
“Invocar” quer dizer, em outras palavras, segui-lo.
Longe disso querer significar uma atitude singular ou isolada de todo o resto do evangelho. Não é simplesmente “invocá-lo” e tudo estará bem.
“Invocar” o Senhor é seguir o que Ele ordenou.
João registra, indubitavelmente, o significado de “invocar o Senhor”, nas palavras do próprio Jesus: “Se me amais, guardais os meus mandamentos” (Jo, 14,15).
Eu compreendo que o que Marcos registrou, ao citar as palavras de Cristo, como Seu mandamento: “Aquele que crer e for batizado será salvo” (Mc. 16,16).
Este foi o mesmo Jesus que ordenou, conforme Mateus registra: “Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espirito Santo...” (Mt. 28,19).
Observe se bastasse o crer, somente, nem seria necessário Cristo “acrescentar” o “... e for batizado”.
Invocar o Senhor é sem dúvida alguma segui-lo e segui-lo significa guardar seus mandamentos.
O “abrir a boca e invocar o Senhor” está longe de ser apenas uma ação isolada, sem comprometimento com tudo que o salvador ensinou e ordenou fazer, dentre elas, o batismo.
O “abrir a boca” e confessar Jesus é; “Guardar seus mandamentos”. E dentre esses mandamentos do Senhor está o batismo.
Quanto ao fato de “abrir a boca e confessares Jesus e estar salvo, convido-o a ler os versículos anteriores e posteriores para notar que isso não é e nunca será uma ação isolada de todo o resto do evangelho, da pregação cristã. Que isso denota e conota uma relação intrínseca com os mandamentos e ensinamentos de Jesus: “Fazei discípulos de todas as nações, batizando-as...”
Tudo começou pela pergunta do carcereiro a Paulo: “Que é necessário que eu faça para me salvar?”
Ao que Paulo, de pronto respondeu: “Crer no Senhor Jesus e será salvo tu e tua casa”.
Todavia, já na sequencia, a escritura narra: “E lhes pregavam a palavra do Senhor”.
Perceba que ele foi ensinado, antes.
Foi-lhe explicado o que lhe seria necessário para ser salvo. Não foi simplesmente dizer com a boca que cria e tudo estaria resolvido...
Certamente, Paulo deve ter-lhe falado do que Marcos escreveu: “Aquele que crer e for batizado será salvo...”
A narração de Atos termina dizendo: “... E logo foi batizado” (At. 16, 30-33).
Chamou-me a atenção, por outro lado, quando você escreveu que “... Os apóstolos como homens, bem podiam não estar totalmente cientes de tudo quanto faziam”, porque isso abre um precedente perigoso para colocar em suspeição, a bel-prazer de qualquer um, o discordar de qualquer coisa nas escrituras...
Qualquer um pode dizer, a partir de sua premissa, que *SE* Felipe não ensinava o que era correto para o Eunuco, quem garante que os demais Apóstolos não poderiam fazer o mesmo, em alguma parte de suas pregações...?
Creio que os Apóstolos, a exemplo de Felipe, seguiam o que Cristo os ensinara. Seria, inclusive, estranho, além disso, Lucas (escritor de Atos), deixar um registro de algo que ferisse os ensinamentos de Cristo, protagonizado por um de seus Apóstolos, considerando ainda que isso foi escrito alguns anos depois do fato ter ocorrido, o que permitiria a Lucas fazer as correções devidas, se fosse o caso.
O fato de Jesus não ter batizado alguém, em nada invalida, a ordem dada por Ele mesmo aos seus discípulos e Apóstolos. Até porque, também, as escrituras não registram “batismo por fogo” realizado pessoalmente por Jesus. O que, seguindo sua argumentação, invalidaria, também, “esse batismo”.
Em Jo. 4,1, diz que Jesus “fazia e batizava” mais discípulos que João Batista. Observe, que o mesmo verbo batizar usado para identificar os batismos de água de João, é o mesmo para informar os de Jesus.
As citações que faz da narração de Atos sobre o batismo de Paulo, me parece reverter muito mais sua posição do que reforçá-la. “Lavar” está muito mais próximo de batismo de água do que batismo de fogo...
No batismo de Lidia, por exemplo, onde Paulo estava presente nada se diz sobre batismo de fogo ou do espírito. Ao contrário se lê: “...saímos fora das portas (da cidade de Filipos) para a beira de um rio... E atenta ao que Paulo dizia... Foi batizada... (At. 16,13-15).
Mais uma vez se vê a sequencia natural do mandamento de Cristo: “crer... e ser batizado...”
Sds.
Irineu