por Prof. Azenilto G. Brito Ter 17 Nov 2015, 16:13
Sobre duas questões levantadas acima--a) de que qualquer dia serviria como sábado, desde se comece a contar a partir de determinado tempo--o que cai no sétimo é ‘sábado’; b) que não existe no NT ordem para se observar o sábado. Analisemos estes dois pontos:
a) O próprio Deus definiu claramente o porquê de ter de ser o sétimo dia a santificar-Lhe por razões bem claras:
“Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou. -- Êxodo 20:11.
Há um “porque” e um “portanto” (ou, por isso) de ter de ser o 7o. dia, não outro qualquer. Se alguém resolve dedicar ao Senhor um período, digamos, de 3a. feira às 14:30 até 4a. feira às 14:29’ 59”, seria o seu “sétimo dia”, mas O QUE ESTARIA CELEBRANDO?! Não é só a questão de descansar, e sim santificar, que tem que ver com a Divindade. O mandamento trata primeiro do que tem que ver com Deus--a santificação, ou separação, de tempo para Ele. Depois é que entra o interesse humano--o descanso físico e mental.
O salmista Davi diz que as obras de Deus são maravilhosas e dignas de serem memorializadas--Sal. 111:2-4. Não faria sentido celebrar a Independência do Brasil em 8 de outubro, 9 de novembro ou 10 de dezembro. Por que tem de ser exatamente no 7 de setembro? A resposta é óbvia. . .
Ademais, tanto no mandamento lemos O 7o. dia (não UM sétimo dia), quanto na declaração de Jesus de que O sábado (não UM sábado) foi feito por causa do homem torna-se clara a especificidade de ter de ser o 7o. dia, não outro qualquer.
b) Nem Jesus nem os Seus apóstolos repetiram o preceito do sábado ipsis literis, é verdade. Mas sabem por quê? É que NÃO PRECISAVA, já que todos o acatavam. Eu diria que não repetem PELA MESMA RAZÃO de outras repetições desnecessárias de preceitos e ordens, mandamentos, regras, leis, como verão no texto abaixo.
Essa conversa de que não há mandamento para guardar o sábado no NT é mais uma alegação sem lógica e validade. Se os mandamentos da lei divina para valerem para os cristãos têm que ser “revalidados” no Novo Testamento, após a abolição total do Decálogo, vejam só o que poderia ter acontecido:
Se todos os mandamentos foram abolidos na cruz, mas sendo depois revalidados para a Igreja no Novo Testamento (menos o 4º.), imaginemos uma situação incrível que se estabeleceria: O 5º. mandamento foi de embrulho com todos os demais regulamentos morais e cerimoniais quando Jesus exalou o último suspiro e declarou, “Está consumado”. Daí, no minuto seguinte qualquer filho de um seguidor de Cristo poderia chutar a canela de seu pai ou mãe, xingá-los, desobedecê-los e desrespeitá-los livremente, eis que o 5o. mandamento só foi “restaurado” quando Paulo se lembrou de referi-lo, escrevendo aos efésios, e isso no ano 58 AD (ver Efés. 6:1-3)! E, pior ainda, os termos do mandamento “não matarás” só foram reiterados por Paulo em Romanos 13:9, no ano 56 ou 58 AD (bem como “não adulterarás”, “não furtarás”, “não cobiçarás”. . .).
Ou seja, por quase 30 anos os filhos dos cristãos não tinham que respeitar os pais, pois o 5º. mandamento só é restaurado após umas três décadas, e mesmo assim só para os efésios.
Muitas décadas mais se passaram até atingir toda a comunidade cristã para cientificar-se da necessidade de os filhos respeitarem seus pais! Além de os cristãos poderem matar uns aos outros, etc., nesse mesmo período “sem a lei”. . . Faz sentido isso tudo?
Por aí se vê a enrascada em que se mete quem contraria o “assim diz o Senhor” das Escrituras.
E onde aparece no Novo Testamento reprodução ipsis literis de qualquer preceito contra falar o nome de Deus em vão em todas as situações (só há referências indiretas e só ligadas a juramento), ou confeccionar imagens de escultura, ou utilizar tais imagens como ‘santos’ da Igreja (“ídolos” são reproduções de Deus ou divindades pagãs) ou contra consultar os mortos ou sobre casamento entre irmãos ou prática de bestialidade?
Pelo tortuoso raciocínio desse chavão dispensacionalista dianenhumista o cristão pode:
a) falar o nome de Deus em vão em todas as circunstâncias (no NT não há nenhuma repetição do preceito sobre isso do VT, só referências indiretas e SÓ ligadas a juramento);
b) confeccionar imagens de escultura (este aspecto do 2o. Mandamento jamais é repetido no NT. Nesse caso, se poderia imaginar até um evangélico sendo “santeiro”--fabricante de imagens de santos, sem ser condenado por isso na tal “dispensação da graça”);
c) empregar imagens de SANTOS da Igreja em atos de culto (no NT só há condenação a ÍDOLOS, e isso SÓ se aplica a Deus ou divindades pagãs);
d) consultar os mortos (no NT não aparece repetição clara do preceito contra isso, como consta de Deu. 18:9-12 e Isa. 8:19, 20);
e) permitir casamento entre irmãos (jamais no NT há repetição dessa regra do VT);
f) permitir a prática de bestialidade (sexo com animais), jamais repetido no NT.
- P.S.: É bem sabido entre apologistas experientes que argumentos baseados em silêncio não servem de prova nem contraprova de coisa nenhuma.