Vamos começar por Faraó do Egito que não queria libertar o povo hebreu. Mandou várias pragas e por fim matou os primogênitos de cada família egípcia. Matou gente que nem sabia direito o que estava ocorrendo. Se hoje temos gente desinformada, imagine naquele tempo sem imprensa. Matou bebês de colo sendo amamentados. Matou o próprio filho do Faraó. O poder de Deus não seria manifestado de forma inconteste se, por exemplo, os Hebreus fossem teletransportados daquela terra para outra? Ou fossem levitados diante dos olhos de Faraó? Ou mesmo tivessem qualquer grilhão aberto e caminhassem diante do exército egípcio, e este, preso ao chão, não conseguisse se mover? Quantas formas Deus mostraria quem manda sem a morte de gente absolutamente inocente? Mas sobretudo, Deus deveria respeitar a vontade, o livre arbítrio de Faraó!
Mais um exemplo. A instituição da circuncisão, corte do prepúcio, aquela pele que sobra no pênis quando flácido, conforme está escrito: "E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio" (Levítico 12.3); e "Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado." (Gênesis 17.10) Ora, que livre arbítrio tem um bebê de oito dias? Que grande respeito o Deus da Bíblia teria pela vontade humana, pela sua liberdade de escolha? Tem ainda o que seria absurdo para nossos dias e que contou com a bênção de Jeová: a escravidão! "...o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência" (Gênesis 17.12) também era circuncidado sem direito de escolha (nem de escolher ser livre). O cara era escravo e teria o prepúcio cortado sem direito de escolha. Além disso, os cristãos romperam com este pacto.
Num caso ainda mais dramático, segundo o apóstolo Pedro, Deus "condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente" (II Pedro 2.6). O povo dessas cidades vivia tranquilamente com sua homossexualidade ou bissexualidade. Ele queria viver assim. Estavam usufruindo do seu livre arbítrio quando "disse mais o SENHOR: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito..." (Gênesis 18.20) e "o SENHOR fez chover enxofre e fogo, do SENHOR desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra" (Gênesis 19.24), destruindo-as totalmente. Para complicar ainda mais qualquer análise do que seja esse respeito de Deus pelo livre arbítrio humano, Jesus disse aos seus discípulos: "em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade" (Mateus 10.15). Isso para cidades que não recebesse a mensagem de seus apóstolos. Ou seja, dois pesos e duas medidas. Mais rigor no julgamento de um do que de outro. De qualquer forma Deus nem deu bola para o livre arbítrio dos sodomitas.