Irmão Zilton, eu é que por vezez não entendo por que tanta implicância com certas expressôes comuns aos católicos e protestantes, comuns aos cristãos de forma geral.
Quando na oração de arrependimento e confissão de pecados pedimos que nos perdoe os pecados cometidos "atos, palavras, omissão e até por pensamento". Eu diria que isso está absolutamente certo!
Somos pecadores sim por atos, voluntários e até involuntários; palavras, expressas ou transmitidas por expressões não-verbais, gestos etc; pela omissão, voluntária e involuntária da prática do bem ou na evitação do mal.
Pecados por pensamento é o pecado por excelência, é da natureza daquele que necessitamos reconhecer, segredar com Deus e nos orientar pela regra de Filipenses 4:8 (Palavra de Deus!):
"Quanto ao mais, irmäos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai".
Quando penso mal e portanto nutro maus pensamentos, peco por pensamento.
Ocorre que devemos admitir que conquanto não haja a distinção de pecados veniais e mortais e sim que todos são mortais diante de Deus: há pecados mais graves e menos graves.
Diria que pecado por pensamento é menos grave do que um pecado consumado. Por isso quem sabe o Bruno em "10 anos de Assembleia, nunca vi ninguém punido por adultério mental". Decerto se pune mais o pecado pelo escândalo que causa. Pune-se pelo pecado notório o que não é o caso do pecado por pensamento. Mas quem disse que o pecado por pensamento fica impune? A comunhão com Deus de que deriva a alegria da salvação começa intimamente: "A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais Ele dará conhecer a sua aliança".
Diria também que um pecado consumado mas incidental, não deliberado, é menos grave do que um pecado consumado comum feito por desleixo/relaxo de conduta. Um pecado habitual é ainda mais grave que um pecado incidental. E o que diriamos de pecado habitual praticado por ideologia, por sanha de sastifação de prazer? Muitissimo mais grave. Temos ai pecados cometidos, ainda que não pelas próprias mãos, por Hitler, Fidel Castro, Cesare Battisti, Catarina de Médici...
Quem vai arder mais no fogo do inferno, se não se arrepender, mudar de vida e confiar no sacrificio de Cristo na Cruz do Calvário? Uma monja reclusa que nutria pensamentos devassos que nunca consumou ou uma fera solta como Josef Stalin ou Motoboy de Garulhos?
É clássica a classificação de pecados por Calvino: um pecado qualquer normal, normalmente horrendo e normalmente mortifero é FALTA; uma falta grave é CRIME e uma falta-crime "cabeluda" é IGNOMINIA.
Na minha experiência de crente dificilmente um nascido de novo cometerá por atos, palavras, omissõe e até por pensamento outra coisa se não FALTAS. Crimes e ignominias não é coisa de crente: pensamentos criminosos, ignomiosos é que geram crimes e ignominias.
Oh, Senhor perdoa as nossas faltas, os nossos débitos para contigo. Faltas, débitos = Pecados.
Há dois pensamentos divergentes acerca do pecado. Um que diz que pecado é transgressão da lei de Deus pronto acabou. Nesse sentido encontra-se a ortodoxia evangélica expressa no Catecismo de Westminster, que nesse ponto encontra acordo entre assembleianos, luteranos, gregos, troianos e goianos:
"24. Que é pecado?
Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou a transgressão de qualquer lei por Ele dada como regra, à criatura racional.
Rom. 3:23; 1 João 3:4; Gal. 3:10-12".
Outro pensamento diverge deste e é representado por Charles Finney. "Pecado é um ato voluntário de uma mente racional em contraposição com a lei de Deus"
É comum entre os "finneyanos" a distinção entre pecado e falta. (mais lenha na fogueira...)
É claro que discordo de Finney. E parece que no particular dessa discordância, Finney destoa da Santa Palavra de Deus para o Homem Santo. Acontece. Tem gente que ao invés da Santa Palavra de Deus para o Homem Santo, prefere a Santa Palavra do Homem Santo de Deus. No caso de Finney, o "homem santo", alguém diria, nem tão ssnto assim, dá pouco caso para os muitos casos de sacrificios em Exodo para os pecados involuntários.
Mas veja, é matéria de discussão essa se há pecados involuntários, se é que podemos chamar de pecado o ato involuntário e um ato involuntária não seria um pecado e somente uma falta. Mas no ponto levantado por você até Finney admte os "pecados por pensamentos".
Escreve Finney:
"Desse modo poderá ser dominado e evitado o ato ou hábito exterior, enquanto que aquilo que realmente constitui o pecado permanece intato. O pecado não é externo e sim interno. Não é movimento muscular, nem mesmo a volição causadora da ação muscular: não é um sentimento ou desejo involuntário. É um ato ou estado voluntário da mente.
Que continuemos a orar a Deus para que ante a nossa contrição e arrependimento e com confiança da Sua misecórdia nos perdoe os pecados por atos, palavras, omissões e até por pensamentos.
Enfim, Zilton, quebra o meu galho ai - admita pecado por pensamento...