Anamim, Paz!
Prezado irmão, não cobrar o dízimo ao invés de ser modernismo teológico é, na verdade, o retorno ao cristianismo praticado pelos discípulos após a crucificação de Jesus. O dízimo não deve ser entendido como obrigação não pelo fato de ele haver sido ordenado na Antiga Aliança, mas por seu significado. Quando se busca estudar o dízimo no detalhe se percebe que ele jamais deveria ter sido cobrado da igreja. E que, por sinal, só começou a acontecer tardiamente na histórica eclesiástica.
Quando o prezado fala “Logo, o Dízimo de hoje não é praticado como nos do AT, pois lá era somente dado o dizimo dos produtos agro-pastoris, ou das campanhas de espoliação quando em guerra. Hoje permanece o principio de consagrar a Deus 10% da renda, um conceito que não tinha no AT. Rendimentos do capital, principalmente do capital intelectual.” Essa afirmação já é fruto do modernismo que invadiu as conceituações bíblicas adaptando-as a atualidade.
Despojo de guerra não era objeto de dízimo, só ocorreu uma vez, de forma voluntária. Para o despojo havia uma legislação própria.
O que Abraão deu foi fruto de Guerra, nesse caso, da derrota de seus adversários tirou o patriarca o dízimo, logo a origem dessa dádiva não nos serve como exemplo, assim como a oferta de Jafté, que deu sua filha em sacrifício, não nos serve como exemplo, embora possamos tirar desses fatos outras lições, como o fato de Deus aceitar nossa oferta, mesmo que esta não seja a forma ideal e aprazível a Ele.
Podemos observar que quando o dízimo foi instituído legalmente não se vê prescrição acerca do dízimo dos despojos e trazer despojos nem sempre era a melhor coisa a se fazer, tanto, que Saul perdeu o seu reinado, ao não dar o fim ordenado por Deus aos despojos da guerra, I Sm. 15.21-23.
Se precisarmos de provas de que despojo, não é, via de regra, algo que por obrigação deva ser submetido à partilha por dízimo, a encontraremos em Números, capítulo 31, onde se relata a vitória de Israel sobre os midianitas e a partilha dos despojos de guerra entre o povo, inclusive entre os sacerdotes e levitas.
O Senhor ordenou a Moisés que dividisse os despojos em duas partes, a saber: uma para ser distribuída aos soldados que foram à guerra e outra para o restante da congregação, v. 27; o sacerdote ficou com o direito de receber a proporção de um para cada quinhentos, dos despojos que cabiam aos guerreiros israelitas, ou seja 0,2% (zero vírgula dois por cento), muitíssimo inferior ao dízimo; no entanto, foi ordenado por Deus: “Dividirás, pois, os despojos pela metade, entre os combatentes que foram à guerra e o conjunto da comunidade. Como tributo para IAHWEH cobrarás, sobre a parte dos combatentes que fizeram a guerra, um para cada quinhentos, tanto de pessoas, como de bois, de jumentos e de ovelhas. Tomarás isso da metade que lhes pertence, e darás a Eleazar, o sacerdote, como tributo a IAHWEH.” v. 27 a 29 na versão da Bíblia de Jerusalém.
Aos levitas couberam dos despojos, parte do que cabia a congregação de Israel, conforme Nm. 31.30 “Da metade que pertence aos filhos de Israel tomarás um de cada cinqüenta, tanto de pessoas, como de bois, de jumentos, de ovelhas, de todos os animais, e os darás aos levitas que têm o encargo da Habitação do Senhor.” (A Bíblia de Jerusalém).
Para os levitas, então, couberam 2,0% (dois por cento), logo, menos que o dízimo.
Se prova, portanto, que Abraão deu 10% dos despojos por voluntariedade e, não porque Deus o tenha exigido. Provado está em Nm. 31 que a partilha de despojo ordenada por Deus é diferente da praticada por Abraão; e por sinal não se vê o Patriarca dando dízimos de seus próprios bens, e isto não constituía crime algum, não havia ordenança em sua época.
Mas, a ordenança de se dar o dízimo não ocorreu em Ml. 3.10, ali é só a cobrança pelo não cumprimento. A ordem, como obrigação, ocorre lá na instituição do sacerdócio levítico.
Presumo que seja a consciência desses fatos que tenha gerado um número de 90% de votos que entendem que o dízimo não é mais obrigatório à igreja e por conseqüência opcional.
Na Paz!
Valdomiro.